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Paulo Anshowinhas

REPORTAGEM

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Skatistas LGBTQIA+ do Brasil e Dinamarca celebram hoje o Dia do Skate Queer

A skatista transgênero Lacey Baker com bandeira de fumaça Rainbow Push - Samuel McGuire/Enjoy
A skatista transgênero Lacey Baker com bandeira de fumaça Rainbow Push Imagem: Samuel McGuire/Enjoy

Colunista do UOL

18/06/2022 04h00

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No que depender dos coletivos de skatistas LGBTQIA+, Unity (americano) e Skate no Vale(brasileiro), o Dia do Skate Queer em Minas Gerais e Copenhague será mais colorido e divertido.

Marcado para este sábado, dia 18 de junho, o Skate Day —Minas no Skate & Skate No Vale— vai rolar no Viaduto Santa Tereza, em Belo Horizonte, com várias atrações para a comunidade como Corrida Maluca, Game of Skate e Best Trick LGBTQIA+, feminino e masculino, e os DJs Pedro HBS (Fervo), Bertiolli e Dj Pikadilha.

A data não poderia ser mais adequada: um dia antes da Parada do Orgulho LGBTQIA+ em São Paulo, três dias antes do Go Skate Day (Dia Mundial do Skate), celebrado anualmente desde 2004 no dia 21 de junho —primeiro dia de verão no Hemisfério Norte, ou primeiro dia de inverno por aqui.

E desta vez na versão Queer.

O evento mineiro e o coletivo de Belo Horizonte são pioneiros ao levantar a bandeira do skate LGBTQIA+ no Brasil e seguem uma tendência mundial de abertura para esportes transgêneros. Em nota, comentaram para a coluna o que representa a data:

"É muita ironia que o Dia Mundial do Skate caia no mesmo mês que o Dia do Orgulho. Essas duas coisas, até um tempo atrás, eram muito distintas.

A ideia de criar o coletivo foi para oferecer um espaço acolhedor para as pessoas assumidas, e incentivar a comunidade LGBTQIA+ a interagir. E este Skate Day será fundamental para quebrar vários paradigmas que estavam instituídos no esporte para a gente se sentir livre."

Rodrigo "Kbeça" Lima, skatista, fotógrafo e team manager da marca Vans, diz: "eu vejo o papel desses coletivos como fundamentais na aceitação de pessoas com outras orientações sexuais e, principalmente, com outra identidade de gênero. O skate, apesar de aceitar diversas classes sociais e ter uma atitude de contra-cultura, sempre foi fechado para a diversidade sexual". Rodrigo assumiu sua orientação sexual no documentário Loveletters to Skateboarding.

No Canadá, grupo de Skate Queer tem crescido a cada ano

"Atenção. Agora aqui é um espaço gay do c...", alertou no microfone o MC do evento Queer Skate Jam, que rolou no mês passado no Wallace Emerson Skate Park, em Toronto, no Canadá, em matéria publicada na Xtra Magazine.

Fundada pela skatista Chantal Garcia, de 24 anos, o Queer Skate Jam, surgiu em 2020, com seis pessoas que apoiaram a causa. No ano passado, Chantall esperava 20 pessoas no encontro, mas acabou reunindo mais de 40.

No encontro deste ano, dezenas de participantes atenderam ao chamado, assim como empresas dirigidas por skatistas LGBTQIA+ como Unity Skateboarding, THERE and Glue Skateboards, além do apoio da renomada marca Vans Off the Wall.

Para Chantall, o que se busca "é um lugar seguro, alegre e inclusivo para os skatistas". Para comemorar o Go Skate Day, o próximo encontro do Queer Skate Jam já tem data marcada: dia 26 de junho, no Nathan Phillips Square, em Toronto.

Caso de transfobia no skate gerou polêmica nos Estados Unidos

No mês passado, conforme informado por nossa coluna de skate no UOL Esporte, a skatista americana Taylor May Silverman, ficou inconformada por ter ficado em segundo lugar atrás de uma skatista trans, chamada Lillian Gallagher.

Taylor disse em entrevista para o Canal Fox News, que "isto não é transfobia, mas a defesa da justiça nos esportes femininos", ao reclamar depois de seis meses da sua posição no pódio no evento Red Bull Cornestone.

Sua postagem no Instagram gerou revolta por parte dos skatistas que foram contra seu posicionamento, mas também apoio de outras tantas e se transformou em uma guerra ideológica virtual.

Skatistas renomadas como Nora Vasconcelos consideraram a fala ultrajante, ela pediu compaixão e sentimento de comunidade próprios do skate.

A skatista Kara Browder, do Michigan considerou a reclamação um retrocesso. "Nós vemos beleza na perseverança e hoje tem mais skatistas de todos os gêneros e raças em um esporte onde antes era dominado por homens brancos, onde se cria um ambiente mais inclusivo", disse.

Nas Olimpíadas de Tóquio, a skatista Alana Smith, primeira atleta não binária a competir pelos Estados Unidos, foi várias vezes apresentada pelo gênero errado nas apresentações, enquanto Leo Baker (Lacey Baker) se desligou da equipe Olímpica americana após se assumir transgênero.