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Skate suspende presidente da CBSk por 3 anos após críticas à entidade

O presidente da Confederação Brasileira de Skate (CBSK), Eduardo Musa - Julio Detefon/ CBSK - Divulgação
O presidente da Confederação Brasileira de Skate (CBSK), Eduardo Musa Imagem: Julio Detefon/ CBSK - Divulgação

Colunista do UOL, em São Paulo

20/12/2022 20h42Atualizada em 20/12/2022 21h12

A World Skate anunciou hoje (20) uma suspensão de três anos ao presidente da CBSk, Duda Musa. Ele foi punido por criticar publicamente a federação internacional depois de ela retirar a chance de dois Campeonatos Mundiais que aconteceriam no Brasil em outubro.

  • Duda já havia sido suspenso em outubro, quando o processo contra ele foi aberto no Conselho de Ética da World Skate. No fim de novembro, a suspensão foi retirada, à espera do julgamento.
  • O brasileiro agora levou três anos de gancho, até 1º de novembro de 2025, em julgamento realizado pelo Comitê Executivo da World Skate. Ele não poderá participar de nenhum evento.
  • São seis meses de suspensão por "calúnia", um ano por infringir contrato, um ano por violar o código de ética e mais seis meses por "insultar ou expressar publicamente opiniões não éticas sobre a World Skate".
  • A World Skate considera irregulares as declarações dele reclamando da entidade e da retirada da chancela dos Mundiais que seriam no Rio.
  • Parte dessas críticas estão na entrevista que ele deu ao Olhar Olímpico. Leia aqui
  • A CBSk também foi punida com multa de US$ 1 mil.
  • Procurado, Duda não quis comentar até se informar melhor sobre a decisão.

A raiz da briga política

A World Skate é dominada por gente da patinação. Quando o COI transformou o skate em esporte olímpico, ele atendeu um pedido da federação de "roller sports", a FIRS, que já era reconhecida pelo COI como a responsável por cuidar dos esportes sobre rodinhas, seja patinação, skate ou patinete.

Várias federações nacionais de patins passaram a cuidar do skate olímpico, porque eram elas que estavam federadas à FIRS. O Brasil foi um desses países, com os skatistas inicialmente tendo que responder à Confederação Brasileira de Hóquei e Patinação.

Uma solução foi encontrada quando os skatistas ameaçaram boicotar as Olimpíadas. A FIRS virou "World Skate" e algumas federações nacionais de skate foram aceitas, entre elas a CBSk, que é quem recebe verba pública e leva atletas para as Olimpíadas.

Mas os donos do poder na World Skate continuam sendo pessoas ligadas à patinação, não ao skate. E os dois esportes têm cultura muito diferentes. No skate, tem competição quase todos fim de semana. Na patinação, os atletas estão acostumados a competir pouco. A pauta 'pró-maconha' de Bob Burnquist, por exemplo, gerou enorme incômodo.

Duda veio do futebol, onde foi empresário de Neymar, e chegou ao skate como vice de Bob. Quando o ídolo do skate renunciou, ele assumiu. Em 2020, foi reeleito, com boa margem sobre a oposição. Até então, ele tinha boa relação com a World Skate, a ponto de ter sido um dos únicos cartolas brasileiros a ir aos Jogos de Tóquio porque recebeu credencial da federação internacional.

A relação piorou quando a World Skate deixou a modalidade sem calendário. Desde os Jogos de Tóquio, só um torneio oficial de skate street (modalidade da Rayssa) foi realizado, em Roma. No park (de Pedro Barros), nenhum.

A promessa era que o skate teria Mundiais no Rio, mas a World Skate retirou as chancelas dos eventos, que aconteceram mesmo assim, só sem o nome de Mundial. Agora a World Skate diz que fará os Mundiais entre janeiro e fevereiro, nos Emirados Árabes Unidos. Suspenso, Duda não poderá ir.