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Olhar Olímpico

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Adolescentes batem recordes e viram protagonistas da natação mundial

Summer McIntosh, do Canadá, é um dos destaques do Mundial de Esportes Aquáticos de 2022 - Oli SCARFF / AFP
Summer McIntosh, do Canadá, é um dos destaques do Mundial de Esportes Aquáticos de 2022 Imagem: Oli SCARFF / AFP

24/06/2022 04h00

A piscina da Duna Arena, localizada à beira do rio Danúbio, em Budapeste, na Hungria, está sendo o palco do nascimento, para a história da natação mundial, de três fenômenos. A canadense de Summer McIntosh, de 15 anos, o romeno David Popovici, de 17, e o francês Léon Marchand, de 20, estão só no primeiro Campeonato Mundial deles, mas já mostraram que devem dominar a modalidade nos próximos anos.

Não que a campanha deles já não fosse esperada. Todos já tinham resultados expressivos em competições menores, mas agora, no maior palco da natação mundial, confirmaram por que tanta esperança é depositada sobre o potencial deles.

É o caso de Popovic, por exemplo. No ano passado, quando ele tinha 16, esta coluna já escrevia sobre a possibilidade de o romeno vir a bater o recorde mundial de Cesar Cielo nos 100m livre. Isso ainda não aconteceu, mas Popovic venceu, no Mundial, tanto os 100m livre quanto os 200m livre, algo que ninguém conseguia desde 1973.

Nas duas provas, ele bateu o recorde mundial júnior e se aproximou do adulto. Fez 1min43s21 nos 200m, quinta melhor marca da história, melhor em 10 anos, e, nos 100m, fez 47s13 nas eliminatórias, passando a ser o 13º do ranking de todos os tempos. Campeão mundial, saiu da piscina de cara emburrada, de quem sabia que poderia ter feito mais na final.

Faltando ainda dois dias para o fim do Mundial, León Marchand também já tem duas medalhas de ouro — e, no caso dele, também uma de prata. Aos 20 anos, o nadador francês de Toulouse, que estuda e treina no Arizona, nos Estados Unidos, chegou a ameaçar o histórico recorde mundial de Michael Phelps nos 400m medley.

Não bateu (ainda) o recorde, mas se aproximou como nunca do maior de todos os tempos, terminando a prova a 0s44 da marca que Phelps fez para vencer o ouro olímpico em Pequim. Como comparação, a marca é quase um segundo melhor do que a melhor marca da carreira de Ryan Lochte, outro gênio da prova.

Versátil, Marchand ainda venceu os 200m medley, passando a ser o sexto melhor da história, e foi prata nos 200m borboleta, prova em que o húngaro Kristof Milak melhorou seu recorde mundial: 1min50s34. E o francês ainda é o atual campeão da NCAA nos 200 peito, em jardas, mas não participou desta disputa no Mundial.

'Nova Ledecky'

A comparação com a estrela da natação norte-americana é inevitável para Summer McIntosh. Canadense de apenas 15 anos, ela já estreou em grandes competições nas Olimpíadas do ano passado, quando foi a atleta mais jovem da delegação do Canadá e ficou em um histórico quarto lugar nos 400m livre, mesmo tendo, na época, somente 14 anos.

A expectativa era que ela estourasse neste ano, e é o que está acontecendo no Mundial. Filha do nadador olímpico Jill Horstead, que competiu em Los Angeles-1984 e irmã de Brooke McIntosh, que este ano foi medalhista no Mundial Júnior de Patinação Artística, Summer já ganhou um ouro e uma prata em Budapeste.

Com a enorme dificuldade de competir contra Ledecky, candidata a maior nadadora de todos os tempos, a canadense foi prata nos 400m livre, assumindo o quarto lugar do ranking de todos os tempos da prova, e ganhou ouro nos 200m borboleta com recorde mundial júnior.

Também fez a melhor apresentação do campeonato nos 200m livre, mas abrindo o revezamento 4x200m livre, uma vez que ela não disputou a prova individual. O tempo, 1min54s79, também é novo recorde mundial júnior. No sábado, ela ainda será uma das favoritas nos 400m medley.