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OPINIÃO

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Com ótimos resultados, Brasil tem fim de semana de potência olímpica

Duda e Ana Patrícia: campeãs mundiais de vôlei de praia - FIVB
Duda e Ana Patrícia: campeãs mundiais de vôlei de praia Imagem: FIVB

20/06/2022 13h05

Esta é a versão online da edição desta segunda-feira (20/6) da newsletter Olhar Olímpico, que trata dos bons resultados do Brasil conquistados nos Mundiais de vôlei de praia e de esportes aquáticos, além do tênis, vôlei, triatlo, handebol e atletismo. Para assinar o boletim e recebê-lo no seu e-mail, clique aqui. Para receber outros boletins exclusivos, assine o UOL.

Aproveitando o feriado de Corpus Christi, lembrei da minha primeira experiência em Jogos Universitários, numa data como essa, quase duas décadas atrás. Viajamos na quarta à noite, e voltamos domingo de manhã. As outras delegações e torcidas ficaram na cidade, porque tinham finais para jogar naquele dia. No sábado à noite, a Casper Líbero já estava eliminada de tudo.

Com o passar dos anos, porém, a Atlética se organizou, passamos a jogar algumas finais, ficar na cidade-sede no domingo, ganhar algumas taças, até que um ano depois de eu me formar, a Casper foi a campeã geral — parabenizem o Guilherme Pereira, repórter da Globo, pelo feito.

Ao longo dos últimos três ciclos olímpicos, especialmente, o movimento olímpico brasileiro passou por transformação semelhante, que pôde ser constatada nos Jogos de Tóquio. Não só porque o Brasil alcançou o 12º lugar no quadro de medalhas e fez sua melhor campanha na história, mas porque chegou a diversas fases decisivas e disputas por medalha. Quem tirasse um cochilo perdia um brasileiro alcançando um bom resultado.

No esporte olímpico — de forma oposta ao que acontece na geopolítica mundial —, o Brasil tem passado de coadjuvante a protagonista. Para o torcedor, isso tem sido um deleite, principalmente em dias como ontem. Só com muitas telas para acompanhar tudo.

Afinal, vejamos o que aconteceu apenas nas últimas 24 horas:

E, se ampliarmos o fim de semana todo, o Brasil ainda teve, na natação, a medalha de bronze de Guilherme Costa, o Cachorrão, nos 400 m livre do Mundial de Budapeste, uma prova na qual o Brasil não tem tradição recente. E com uma marca expressiva que, se fosse feita em Tóquio, teria valido a medalha de ouro.

Com esse bronze, Cachorrão entra na restrita lista de sete brasileiros que foram ao pódio de Mundiais de piscina longa em provas olímpicas individuais. Antes dele vieram Rômulo Arantes (bronze, em 1978), Ricardo Prado (ouro, em 1982), Gustavo Borges (bronze, em 1994), Cesar Cielo (quatro ouros entre 2011 e 2015), Felipe Lima (bronze, em 2013), Thiago Pereira (uma prata e dois bronzes, em 2013 e 2015) e Bruno Fratus (duas pratas e um bronze entre 2015 e 2019).

Não que do dia para a noite o Brasil tenha virado uma Austrália na natação, mas é gratificante ver diversos brasileiros na etapa decisiva do Mundial. No feminino, pela primeira vez duas brasileiras passaram à mesma final (Bia Dizzotti e Vivi Jungblut nos 1.500 m) e o 4x100 m livre conquistou o melhor resultado da história de um revezamento feminino do Brasil, o sexto lugar — melhor que o masculino, que foi sétimo, ainda que bem mais perto da zona de medalha.

Como nem tudo são flores, Fernando Scheffer, medalhista olímpico dos 200 m livre, nadou mal em Budapeste e não pegou final, e, no vôlei de praia feminino, o Brasil tinha totais condições de ganhar mais do que uma medalha de ouro. Aliás, coisa de potência olímpica: reclamar de barriga cheia.

Renato Andrew, Rafael Pereira... palpites certeiros!

Vitor Felipe e Renato Andrew (à direita), vice-campeões mundiais de vôlei de praia - Domenico Cippitelli//NurPhoto via Getty Images - Domenico Cippitelli//NurPhoto via Getty Images
Vitor Felipe e Renato Andrew (à direita), vice-campeões mundiais de vôlei de praia
Imagem: Domenico Cippitelli//NurPhoto via Getty Images

Se você é assinante da newsletter (seja, é de graça), já percebeu que quase toda semana eu sugiro "ficar de olho" em alguém. É assim desde a versão "piloto", um teste que não chegou a ser distribuído. Ali, sugeri atenção em Renato Andrew: "Aos 21, ele tem três títulos mundiais de base no currículo e está chegando com tudo no adulto". Ontem ele foi vice-campeão mundial. Também acertei que a dupla Duda/Ana Patrícia tinha tudo para dar certo. Mas essa era fácil.

Outro nome que sugeri "ficar de olho" no início do ano: Rafael Pereira. Bingo de novo. O mineiro, pouco conhecido até o ano passado, é o 13º do ranking mundial dos 110 m com barreiras e, no sábado, foi segundo na etapa de Paris da Diamond League, com 13s25, melhor marca pessoal. Assim como Piu nos últimos dois anos, tem melhorado suas marcas constantemente e sempre briga entre os primeiros, seja na prova que for. Anota aí: ele vai ser finalista do Mundial.

Piu, aliás, está voando. Todas as três melhores marcas do ano nos 400 m com barreiras são dele, que parece um relógio: 47s23 em Eugene (EUA), 47s24 em Doha (Qatar) e 47s26 em Oslo (Noruega), na semana passada, sempre com vitórias tranquilas, que não exigiram o melhor dele. Vai fortíssimo para o Mundial.

Bruna Takahashi se aproxima da elite do tênis de mesa

Hugo Calderano já está há algum tempo entre os melhores do mundo do tênis de mesa, e agora Bruna Takahashi também começa a se aproximar desta elite. No fim de semana, ela foi semifinalista do WTT Contender Lima, no Peru, etapa do circuito mundial. Eliminada na semifinal pela alemã Nina Mittelham (16ª do ranking mundial), a brasileira deve subir mais alguns postos na lista. Atualmente ela é a 19ª.

Campeão olímpico Alison desfaz dupla e pode encaminhar aposentadoria

Enquanto o Brasil disputava três jogos valendo medalha no Mundial de vôlei de praia, Alison 'Mamute' comunicou à imprensa que estava encerrando a dupla com Guto, eliminada nas quartas de final do Mundial por André/George. Campeão olímpico na Rio-2016 e vice em Londres-2012, alegou que está com dores no pé direito e precisa tratar uma fascite plantar. Disse que tem planos para o ciclo olímpico, mas que a prioridade agora é cuidar da lesão.

Alison está com 36 anos e não ganha uma etapa de Circuito Mundial desde julho de 2019. Nestes últimos anos, o ritmo de jogo mudou muito, com a velocidade ganhando mais importância, o que prejudica atletas mais pesados, como é o caso do Mamute. Com duas jovens duplas medalhando no Mundial, são elas as favoritas na corrida olímpica brasileira que começa no ano que vem. Há mais de um ano sem pódio no circuito, Alison terá que se reinventar se quiser continuar brigando no topo. O caminho natural é a aposentadoria e o Hall da Fama.

Seleção feminina de basquete volta ao Mundial sub-19

Depois do masculino, a seleção feminina de basquete sub-18 do Brasil também conseguiu vaga no próximo Mundial sub-19. Depois de nem se classificar para a Copa América de 2018, desta vez a seleção brasileira recuperou seu lugar tradicional nas semifinais, chegando a vencer a Argentina na fase de classificação. No fim, terminou em quarto. Perdeu de 44 pontos dos EUA, de 42 pontos da Argentina, e na prorrogação da decisão do bronze contra as argentinas. Detalhe: com um placar irrisório de 36 x 36 no tempo normal.

As coisas estão melhorando no basquete nacional, sem dúvida, mas o caminho pela frente ainda é longo.