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Interminável: Nicholas Santos é prata no Mundial de Natação aos 42 anos

Nicholas Santos, de azul escuro, com medalha de prata do Mundial de Natação - Fina
Nicholas Santos, de azul escuro, com medalha de prata do Mundial de Natação Imagem: Fina

19/06/2022 14h00

Quando Nicholas Santos ganhou a medalha de prata nos 50m borboleta no Mundial de 2015, aos 35 anos, ele se tornou o mais velho medalhista da história dos Mundiais de Natação. Em 2017, ele atualizou o recorde. Em 2019, ele atualizou o recorde. E hoje ele atualizou o recorde. De novo.

Todo ano o natural seria Nicholas se aposentar, e todo ano ele continua, e continua brigando no topo. Hoje, aos 42 anos, ele nadou lado a lado com dois dos melhores velocistas da atualidade: Caeleb Dressel, que ganhou ouro, e Michael Andrew, que levou o bronze. Os dois fizeram questão de parabenizá-lo ao fim da prova.

"Todo Mundial é uma competição muito dura. O Caeleb tem 22s3 nessa prova, estava muito próximo. Eu disse que eu entrando na final tenho grandes chances de medalha. Consegui uma prata para o Brasil, estou satisfeito, cansado, mas muito feliz. Muito bacana o Michael o Caeleb irem dar os parabéns, falarem que ficaram impressionados", contou ele ao SporTV. Vale lembrar que os 50m borboleta não são disputados nos Jogos Olímpicos, mas fazem parte, assim como os 50m peito e 50m costas, em Mundiais.

Nicholas chegou à competição como candidato ao pódio, depois de três medalhas seguidas no Mundial disputado em Piscina Longa, mas não fez boas apresentações em Budapeste (Hungria) ontem. Foi só 13º nas eliminatórias, com 23s51, e nas semifinais pegou a última vaga na final, com 23s04.

Classificado para nadar a final na raia 8, a que mais sofre influência das ondulações, Nicholas entregou, na decisão, o que se esperava dele. Terminou a prova em 22s78, contra 22s57 de Dressel e 22s79 de Andrew, que bateu um centésimo atrás do brasileiro, em terceiro.

Nascido em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, Nicholas faturou bronze no longínquo Mundial de Piscina Curta de 2004 nos 50m livre e foi o melhor velocista do país até o surgimento de Cesar Cielo, que é sete anos mais novo que ele. Foi a duas Olimpíadas: em 2008 nos 50m livre e em 2012 com o revezamento 4x100m livre.

Já na casa dos 30 anos, Nicholas até tentou vaga na Rio-2016, mas nos 100m borboleta, prova em que já não conseguia ser competitivo neste nível. Passou, então, a se dedicar aos 50m borboleta, tanto em piscina longa quanto na curta. Nos Mundiais de piscina de 25 metros, ele tem, só nesta prova, três ouros (2012, 2018 e 2021) e uma prata (2014).

Mais Brasil no Mundial

Pela manhã em Budapeste, outro resultado histórico para o Brasil: Beatriz Dizzotti e Vivi Jungblut se classificaram para a final dos 1.500m livre, que vai acontecer amanhã (20). É a primeira vez na história da natação feminina brasileira que duas atletas vão disputar uma mesma final de Mundial (em Olimpíada também nunca aconteceu).

Bia marcou o tempo de 16min08s35 e bateu o recorde sul-americano da prova, avançando para a final em sexto lugar. Vivi registrou 16min09s27, mesmo disputando a competição pesada, porque o foco dela está nas provas de águas abertas, que serão depois da natação no Mundial, que, vale lembrar, é de Esportes Aquáticos.

Outros dois brasileiros deram azar. Jheniffer Conceição fez o 17º tempo das eliminatórias dos 100m peito, ficando a 0s05 de uma vaga na semifinal. Ela marcou 1min07s40, e avançaria com folga à semi se tivesse repetido o tempo do Troféu Brasil: 1min07s12. E, nos 100m costas, Guilherme Basseto também foi 17º, a 0s04 da semifinal. Ele fez 54s26, sem melhorar suas melhores marcas.