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Olhar Olímpico

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Duda e Ana Patrícia superam decepção olímpica e são campeãs mundiais

Duda e Ana Patrícia com taça de campeãs mundiais de vôlei de praia - FIVB
Duda e Ana Patrícia com taça de campeãs mundiais de vôlei de praia Imagem: FIVB

19/06/2022 15h43

Duda e Ana Patrícia são as novas melhores do mundo do vôlei de praia. Duas vezes campeãs mundiais sub-19 quando ainda estavam na base e jogavam juntas o calendário internacional, as duas joias do esporte brasileiro atingiram o nível que sempre se esperou delas e faturaram, neste domingo (19), o título do Campeonato Mundial disputado no Foro Itálico, em Roma, na Itália. Agora Renato e Vitor Felipe jogam a final masculina contra Mol e Sorum, da Noruega.

Pensando pelo histórico do Brasil na competição, o resultado passa longe de ser incomum — o país já tinha cinco títulos no torneio feminino —, mas depois do fracasso que foi a participação nos Jogos Olímpicos de Tóquio, esse ouro é uma redenção. No ano passado, Duda e Ágatha chegaram ao Japão como favoritas ao ouro, mas caíram cedo, nas oitavas de final, para uma dupla da Alemanha;

E Ana Patrícia e Rebecca, que também tinham grandes chances de medalha, pararam nas quartas de final, para Heidrich e Vergé-Dépré, da Suíça. A campanha colocou em xeque o nível do vôlei de praia do Brasil, que pela primeira vez ficou de fora de um pódio Olímpico. Mas, agora, fica claro que aquela foi só uma pedra no caminho.

No fim do ano passado, Duda, sergipana que desde os 15 anos é apontada como uma atleta para a prateleira mais alta do esporte mundial, tomou a iniciativa de abrir a dupla com a veterana Ágatha, prata olímpica em 2016, e convidar Ana Patrícia para ser de novo sua parceira. Seria o reencontro de duas atletas geniais que foram forjadas para serem campeãs, ganharam rodagem com outras parcerias, e estavam prontas para se juntarem de novo.

E aí foi questão de tempo para as coisas acontecerem. Contratadas pelo Praia Clube, de Uberlândia (MG), em iniciativa pioneira entre os clubes sociais do país, ficaram em um modesto quinto lugar em Rosarito (México) em março, em nono em Ostrava (República Checa) em maio e faturaram a primeira medalha delas no circuito em Jurmala (Letônia) no começo do mês, um bronze.

No Mundial, não teve para ninguém. Foram oito jogos e oito vitórias, com apenas um set perdido. Paredão, Ana Patrícia, de 24 anos, encerra a competição com 36 bloqueios, uma média de 4,5 por partida, a melhor do campeonato. No ataque, Duda, de 23, teve o segundo melhor aproveitamento do Mundial, de 62,2%.

Um título muito merecido, conquistado com vitória sem sustos sobre as surpreendentes canadenses Sophie Bukovec e Wilkerson Brandie, por 2 a 0, com parciais de 21/17 e 21/19.

A taça encerra um jejum de duas edições sem ouro do Brasil no feminino, período em que o melhor resultado foi um bronze de Larissa e Talita em 2017. O último título havia sido em 2015, com Ágatha e Bárbara Seixas, que depois viriam a ser medalhistas de prata na Rio-2016. Naquela edição, o Brasil teve pódio completo, com Fernanda Berti/Taiana em segundo e Maria Elisa/Juliana em terceiro.

Desta vez, apesar do bom momento do vôlei de praia do Brasil, isso ficou impossível devido ao sorteio que jogou as quatro duplas brasileiras no mesmo quadrante do mata-mata. Só uma poderia chegar na semifinal, e a vaga ficou com Duda e Ana Patrícia, que seguiram até o ouro. No caminho, elas eliminaram Bárbara e Carol, e também as suíças que foram algozes de Ana Patrícia em Tóquio. E, ao vencerem Pavan/Melissa-Paredes, do Canadá, ainda vingaram Taiana/Hegê e Rebecca/Talita, eliminadas por elas.