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Atletismo pressiona, e Cubatão desiste de destruir pista para Santos ter CT
A prefeitura de Cubatão, na Baixada Santista, retirou um projeto de lei, enviado à Câmara Municipal no início do mês passado, visando conceder um centro de treinamento de atletismo para a iniciativa privada. O maior interessado era o Santos, que pretendia construir, na área de 42 mil metros quadrados, um centro de treinamento para a base e para o futebol feminino.
Enviado à Câmara no último dia 4 de abril, o projeto foi retirado na quarta-feira da semana passada, na véspera de uma audiência pública convocada por uma CEI (Comissão Especial de Inquérito) criada especialmente para discutir o projeto de concessão do Centro Educacional e Desportivo Professor Roberto Dick. Vereadores de oposição ao prefeito Ademário Oliveira (PSDB) reclamavam que o projeto era desenhado para os interesses do Santos.
A concessão, porém, esbarrou em forte oposição do atletismo. O presidente da Confederação Brasileira (CBAt), Wlamir Motta Campos, foi campeão sul-americano em 1988 nesta pista, onde o atual vice-presidente da Federação Paulista (FPA), Rogério Bispo, começou sua carreira de atleta. Os dois lideram um movimento que inclui Juliana Gomes dos Santos, campeã pan-americana e cria da cidade, o marido dela, o ex-maratonista Marílson Gomes dos Santos, e a medalhista olímpica Rosemar Coelho, que também começou em Cubatão.
No passado, o estádio de Cubatão foi um dos mais importantes do país, recebendo inclusive competições internacionais. Mas, abandonado, foi perdendo espaço. Ainda assim, fica ali uma das 11 pistas oficiais do estado, e uma das poucas áreas reservadas apenas à prática de atletismo, o que inclui a possibilidade de efetuar lançamentos de dardo, martelo, peso e disco no gramado.
"O Projeto de Lei atende interesses do futebol, em prejuízo da população, do atletismo e desconsidera a história do atletismo de Cubatão e da importância dessa pista não apenas para Cubatão mas para a história do atletismo nacional nos últimos 35 anos. A CBAt não pode se calar frente a aberrações como essa", reclamou o presidente da confederação.
Pelo projeto enviado à Câmara, o vencedor da concessão por 30 anos, renováveis por mais 30, pagaria à cidade o equivalente a 30% do valor de avaliação do imóvel, que é cerca de R$ 60 milhões — isso dá R$ 18 milhões. O governo municipal argumentava que o centro de atletismo é "deficitário e ocioso", e que apenas cerca de 100 pessoas frequentam, por mês, a estruturada de 42 mil metros quadrados. Segundo a prefeitura, o local custa R$ 1 milhão em manutenção por ano.
Durante audiência pública realizada já depois que o projeto havia sido retirado, a prefeitura argumentou que os cerca de R$ 18 milhões que seriam pagos por um futuro concessionário seriam investidos no esporte, com a construção de uma nova pista de atletismo, obrigação que não fazia parte do projeto de lei.
Com a concessão engavetada, o atletismo se organiza agora para justificar a manutenção da área como centro esportivo, buscando recursos para que a pista seja reforma. De acordo com levantamento da CBAt, o Roberto Dick é uma das 11 pistas oficiais do estado de São Paulo, mas não conta nem com iluminação nem com material para competição, como barreiras e blocos de largada.
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