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Superliga tem final na Globo enquanto NBB perde visibilidade

Time do Sada Cruzeiro celebra ponto durante final da Superliga Masculina de Vôlei - Reprodução/Twitter/Sada Cruzeiro
Time do Sada Cruzeiro celebra ponto durante final da Superliga Masculina de Vôlei Imagem: Reprodução/Twitter/Sada Cruzeiro

02/05/2022 13h00

Esta é a versão online da edição desta segunda-feira (2/5) da newsletter Olhar Olímpico, seu resumo sobre o que de mais importante aconteceu e vai acontecer nos esportes olímpicos durante a semana. Para assinar o boletim e recebê-lo no seu e-mail, clique aqui.

A tendência no mercado de esporte é a pulverização de distribuição de conteúdo em diversas plataformas. No Brasil, a Liga Nacional de Basquete (LNB) foi pioneira neste movimento, rompendo com o Grupo Globo para a temporada 2018/2019. Quatro anos depois, a minha sensação é de que o movimento não foi bom para o basquete.

E aí entra uma comparação óbvia com o vôlei, que foi no caminho contrário. Se entregou de corpo e alma para o Grupo Globo, mesmo perdendo a transmissão das finais da Superliga na TV aberta, o que foi parcialmente recuperado nesta temporada. Basta ver a repercussão: se fala muito, muito mais dos playoffs da Superliga do que da fase de mata-mata do NBB.

O NBB nasceu em 2008, com forte apoio da Globo, que defendia um campeonato brasileiro de basquete atrativo e confiável. O torneio foi promovido pela emissora por uma década, até decidir voar sozinho. A pulverização parecia uma boa saída. Na temporada 2018/2019, o torneio teve jogos na Band, na ESPN, no BandSports e na Fox Sports. E ainda partidas exclusivas no Twitter e no Facebook. Um portfólio e tanto, depois reforçado pelo DAZN, que comprou os jogos que não tinham transmissão.

Mas Fox e ESPN viraram uma coisa só, o DAZN praticamente encerrou sua operação no Brasil e a Band pulou fora em meio à pandemia. O NBB acabou escondido. Na atual temporada, vários jogos simplesmente não tiveram transmissão em vídeo, enquanto outros só foram vistos em canais locais como Rede Família e Rede Ita. As páginas de Corinthians e Flamengo até passaram algumas partidas dos clubes, nem todas.

Agora que o campeonato começou a pegar fogo, nas quartas de final, todos os jogos têm transmissão na Cultura (um por semana, aos sábados), na ESPN e, principalmente, no Youtube, na página do próprio NBB. Na TV aberta, o jogão entre São Paulo e Franca, há duas semanas, deu 0,3 pontos de audiência em São Paulo. São Paulo x Bauru, pelo jogo 1 da série de quartas de final, teve 28 mil visualizações no Youtube.

Particularmente, gosto muito mais do modelo do vôlei, que tem metade dos jogos da fase de classificação da Superliga exibidos no SporTV e a outra metade no pay-per-view. O fã de vôlei sabe que, se ligar a TV na quarta, quinta, sexta ou sábado à noite no SporTV 2, vai ver um jogo da Superliga, seja qual for.

É o que funcionou por anos para a NBA também. Fim de noite, sem saber o que assistir na TV? Era só colocar na ESPN que ia ter um jogo da NBA. Isso fideliza o fã da modalidade, que assiste não apenas aos jogos do time para o qual torce. Consome-se o produto, seja a Superliga ou o NBA, e quem quer ter a possibilidade de ver todas as partidas do seu clube recorre ao pay-per-view.

No NBB, hoje, isso é impossível. Como exemplo, a série entre São Paulo e Bauru: o jogo 1 passou no Youtube, o 2 na ESPN e o 3 será no Youtube de novo, o que dificulta a promoção das partidas e acaba atraindo só o torcedor iniciado. É preciso ter a proatividade de entrar no site do NBB para saber quando é o próximo jogo e onde vai passar. E nem dá para se programar muito: o jogo 3 é amanhã, a série está 2 a 0 para o São Paulo, e se o Bauru vencer não há na tabela onde será o jogo 4, nem onde vai passar.

Menina de ouro no levantamento de peso

Laura Amaro, de 21 anos, postou vídeo em suas redes sociais levantando 135kg no arremesso. A halterofilista costuma competir na categoria até 76kg e, se fizer isso em Paris, vai brigar por medalha — a medalhista de bronze em Tóquio levantou 137kg. Laura foi prata no Mundial do ano passado, bastante esvaziado, mas com uma marca considerável.

Coleção de medalhas em Rosário

Stephanie Balduccini, de 17 anos, ganhou 11 medalhas nos Jogos Sul-Americanos da Juventude, disputados em Rosário (Argentina). A nadadora participou de 13 provas em quatro dias e faturou oito medalhas de ouro. Gosto desta proposta de fugir da especialização precoce, de ela ter um leque de opções para a carreira dela, mas temo que haja algum exagero neste "modo Thiago Pereira" de encarar competições.

Também nos Jogos em Rosário, o time masculino de ginástica artística, medalhista de prata por equipes, foi composto por cinco atletas — três deles, negros ou pardos (João Victor Perdigão, Bernardo Ferreira e Guilherme Silva). Em uma modalidade onde Angelo Assumpção era o único negro na elite até recentemente, as coisas parecem estar começando a mudar.

Atletismo tem destaques na velocidade e nas barreiras

Vitória Rosa é o principal nome do atletismo feminino do Brasil atualmente. A velocista, que está sem clube, fez os 100m em 11s05 no domingo, no GP Brasil, assumindo o 16º lugar do ranking mundial. Depois ela voltou para a pista e ainda fez índice para o Mundial também nos 200m, com 22s68. A marca deixa a velocista em 26º no ranking. Vitória foi finalista dos 60m rasos no Mundial Indoor, em março, com recorde sul-americano. Está em ótima fase.

Já a prova do momento no atletismo brasileiro, porém, é os 110m com barreiras. Na quarta, Rafael Pereira e Eduardo de Deus empataram no GP São Paulo, quarta-feira, com 13s27 e agora ocupam o sexto lugar no ranking mundial. No GP Brasil, quem venceu foi Gabriel Constantino, com o tempo de 13s32, assumindo o 10º lugar do ranking. Três brasileiros entre os 10 melhores do mundo, todos classificados para o Mundial. Algo, sem dúvida, histórico.

Gabriel Constantino, Rafael Pereira e Eduardo de Deus nos 110m com barreiras - WAGNER CARMO/CBAt - WAGNER CARMO/CBAt
Gabriel Constantino, Rafael Pereira e Eduardo de Deus
Imagem: WAGNER CARMO/CBAt

Bolsonaro ignora Surdolimpíadas

O presidente Jair Bolsonaro (PL) era esperado ontem em Caxias do Sul (RS) para a cerimônia de abertura das Surdolimpíadas de Verão, que pela primeira vez acontecem na América Latina e têm a participação de 77 países. Apesar do discurso pró-surdos, não foi. Preferiu ficar em Brasília e participar de evento de cunho eleitoral. Os surdos não se identificam com o movimento paralímpico, e por isso têm um torneio poliesportivo paralelo.

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Privatização de Interlagos saiu de pauta

Dois anos depois de o processo de concessão do Autódromo de Interlagos ser suspenso pelo Tribunal de Contas do Município, não existe nenhuma previsão para a privatização voltar a andar. A prefeitura parece não ter interesse em refazer o edital, para se encaixar nas regras impostas pelo TCM, e a concessão simplesmente saiu da pauta.

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