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Olhar Olímpico

REPORTAGEM

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A 2 dias da final da Superliga, CBV ainda negocia jogos em Brasília

Duelo entre Minas e Praia Clube - Wander Roberto/Inovafoto
Duelo entre Minas e Praia Clube Imagem: Wander Roberto/Inovafoto

20/04/2022 04h00

Faltando dois dias para o primeiro jogo da final da Superliga Feminina, envolvendo dois times de Minas Gerais, a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) ainda negocia os termos para realizar todos os jogos em Brasília. A entidade alega que a marcação das partidas para o Distrito Federal faz parte de uma "parceria realizada" com o governo local, mas ainda não existe nenhum acordo assinado.

O fato de toda a série melhor de três jogos ter sido marcada para Brasília gerou reclamações na barulhenta comunidade de fãs de vôlei, que fez campanha (sem sucesso) para que ao menos uma das partidas fosse exibida em TV aberta, na Rede Globo. A emissora vai voltar a exibir jogos depois de três anos, mas somente as finais do campeonato masculino.

Os dois torneios têm formato idêntico, com 12 times se enfrentando em turno e returno e os oito melhores avançando para as séries de mata-mata, sempre em melhor de três jogos. No masculino, se classificaram para a final dois times mineiros: o Sada/Cruzeiro, de Betim, e o Minas Tênis Clube. No feminino, idem: o próprio Itambé/Minas e o Dentil/Praia Clube, de Uberlândia.

Mas as duas finais tiveram tratamento diferente. No masculino, os jogos têm mando dos clubes; no feminino, o local da final é apontado pela CBV. Além disso, a Globo vai passar ao vivo o jogo 2 da final masculina e, se houver, também o jogo 3. As finais femininas serão exibidas apenas no SporTV e no Canal Vôlei Brasil, em pay per view.

Em nota, a CBV disse que a questão do mando foi uma escolha dos clubes, antes de começar o campeonato. "No caso da Superliga Feminina, os clubes solicitaram que a própria CBV fosse responsável pela organização das finais. Por isso, as partidas serão realizadas em um local preestabelecido, independentemente dos times classificados. Todo o processo foi acompanhado e aprovado pelos clubes", afirmou a confederação.

Dona do mando de jogo das finais femininas, a CBV negociou o que ela chamou de uma "parceria" com o governo do Distrito Federal. Na verdade, trata-se de um Termo de Fomento, antigo convênio, em que o poder público repassa recursos a uma entidade do terceiro setor, mediante apresentação de plano de trabalho e, depois, prestação de contas. No ano passado, a CBV recebeu R$ 1,3 milhão para levar o Sul-Americano de Clubes para Brasília.

Mas, até esta quarta-feira (20), antevéspera do primeiro jogo da final em Brasília, não há nenhum acordo assinado entre as partes, apenas negociações que a CBV diz estarem avançadas. Em diversas ocasiões no passado, situações parecidas geraram problemas. Em 2011, a Confederação Brasileira de Handebol (CBHb) tinha acordo do tipo apalavrado com o governo federal para pagar o Mundial Feminino, o convênio foi assinado só na véspera, não houve tempo hábil para realizar as concorrências necessárias para execução do convênio, e até hoje a modalidade paga por essas irregularidades.

Procurada, a CBV respondeu à coluna que não poderia informar o valor que está sendo negociado para o Termo de Fomento, nem o que ele envolve —só depois de assinar o contrato é que a confederação poderá realizar as burocracias padrões para escolher as empresas que ela contratará para executar o plano de trabalho.

Mesmo sem a garantia de que receberá o dinheiro, a CBV já marcou para Brasília os até três jogos da final: as duas próximas sextas-feiras às 20h40 e, se necessário, na terça-feira dia 3, às 21h10.

À espera de Maringá

No masculino, o mando de jogo é dos clubes, mas é necessário que os ginásios tenham capacidade para, pelo menos, 5 mil pessoas, o que não é o caso nem da Arena Minas, do Minas Tênis Clube, em BH, nem do Riachão, casa do Sada, em Contagem.

O ideal seria os clássicos acontecerem no Mineirinho, mas o ginásio, inativo desde 2018, não tem a menor condição de receber público no curto prazo. O governo de Minas Gerias pretendia privatizar o equipamento, colocou um preço relativamente baixo (R$ 13 milhões), porém, a concorrência pública finalizada em janeiro não teve nenhum interessado.

Dono da melhor campanha na fase de classificação —o que permite a ele mandar o terceiro jogo e escolher entre começar a série como mandante ou visitante—, o Minas fechou acordo para levar as partidas para Maringá, mesmo sem nenhuma ligação com a cidade paranaense. Maringá tem histórico de gostar de vôlei, tendo tido a melhor média de público na Superliga 19/20, última disputada pelo time local.

Pelo acordo entre Minas e Maringá, também ainda não publicado em diário oficial, a cidade vai arcar com despesas logísticas para receber os jogos no ginásio Chico Neto. Até ontem à noite, porém, a CBV ainda não havia aprovado a vistoria do ginásio e, por isso, as finais não estavam marcadas.

Para reduzir os deslocamentos, o Minas optou por mandar o jogo 2. Assim, o primeiro jogo das finais terá mando do Sada, que escolheu o ginásio Divino Braga, em Betim, para um jogo programado para as 21h30 do próximo sábado (25). O jogo 2 e o 3, se necessário, vão acontecer na manhã de domingo, para serem transmitidos pela Globo, nos dias 1º e 8 de maio.