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Olhar Olímpico

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Vôlei: Leal reage a suposta ofensa racial na Itália e é suspenso

16/04/2022 10h31

Yoandy Leal, jogador da seleção brasileira de vôlei, recebeu quatro jogos de suspensão na reta decisiva do Campeonato Italiano por partir para cima do rival Dragan Travica em partida da semifinal do torneio, na quarta-feira (13). De acordo com o site Web Vôlei, Leal reagiu a uma ofensa racial, após ter sido chamado de "negro de merda" pelo levantador italiano de origem sérvia.

Apesar da revelação feita pelo site brasileiro especializado em vôlei, nem o Modena, clube de Leal, nem o cubano naturalizado brasileiro se posicionaram confirmando publicamente a reclamação de racismo. Mas isso fica implícito em nota publicada hoje (16) pelo Modena.

"O que aconteceu em quadra no final do jogo 1 foi deplorável, isso não está em questão, mas a desproporção no critério usado pela justiça esportiva é o que mais chama a atenção. Dada a diferença entre as medidas disciplinares tomadas, parece que Yoandy atacou sem motivo algum e sem ter recebido qualquer provocação", ironizou o clube.

Mais direto foi o posicionamento do astro francês Earvin Ngapeth, negro como Leal e colega de clube do brasileiro, que foi ao Instagram para chamar Travica de racista e cobrar uma atitude da liga italiana. "Mesmo no nível mais alto, continuaremos pequenos. Tomem as decisões certas", cobrou Ngapeth.

Após o confronto na última quarta-feira, Leal foi com raiva para cima de Travica, tentando acertá-lo com um chute. Companheiros de clube conseguiram apartar a briga, e o brasileiro foi retirado de quadra. No dia seguinte, a liga italiana anunciou uma suspensão de quatro jogos a ele e uma multa de 380 euros para o clube rival, o Perugia, por objetos atirados na quadra pela torcida.

A liga italiana é a mais forte do mundo no vôlei masculino e tem sua semifinal decidida em melhor de cinco jogos. Leal foi suspenso após a primeira partida, por quatro jogos, o que significa que ele pode perder toda a série ou, caso seu clube avance à final sem precisar dos cinco jogos, de até duas partidas decisivas.

Tentando reverter a suspensão, o Modena anunciou que entrou com uma representação na justiça desportiva italiana, apresentando fatos novos. Não fica claro se são provas da suposta injúria racial, que Travica nega. "Essa história toda não é verdade! Entre mim e o Leal durante o jogo aconteceram as habituais provocações em quadra. Nos chamamos de idiotas, nada mais saiu nem da minha boca nem da dele. Não sou racista e nem preciso me justificar por algo que nunca fiz. Eu nunca falei ao Leal absolutamente nada que pudesse se referir ao racismo", escreveu no Instagram.