Kelvin não aceita condições e deixa seleção de skate; Letícia também sai

Medalhista de prata nos Jogos Olímpicos de Tóquio, Kelvin Hoefler está fora da seleção brasileira de skate em 2022. De acordo com a Confederação Brasileira de Skate (CBSk), que divulgou a lista de convocados nesta segunda-feira (4), ele não concordou com as contrapartidas oferecidas para fazer parte da equipe.

Diferente de outras modalidades, em que a participação em eventos internacionais depende da inscrição por parte da confederação nacional, no skate os atletas podem participar por conta própria. Com recursos das Loterias, via Lei Agnelo/Piva, e com patrocínio da Caixa Econômica Federal, a CBSk mantém uma seleção que recebe um apoio mensal em troca de cessão de imagem para a confederação e para o patrocinador.

Aos atletas olímpicos do skate, incluindo Kelvin, foram oferecidos dois pacotes. Em um, com salário de R$ 6 mil, plano de saúde, e assistência financeira para pagar hospedagem e alimentação em viagens, os skatistas se comprometem a cumprir uma série de contrapartidas, incluindo envio prévio de agenda pessoal com um mês de antecedência, uso obrigatório de uniforme da confederação em eventos oficiais da entidade, cumprimento "fiel" ao formato de trabalho aprovado em conjunto, participação em 4 eventos anuais da seleção e duas entrevistas a veículos de imprensa escolhidos pela confederação. Os atletas também têm que fazer dois posts institucionais por mês em suas redes sociais.

No outro pacote o salário cai a R$ 3,5 mil, mas cai a necessidade de ir a quatro eventos por ano, é obrigatório só um post por mês e o planejamento pode ser alterado.

Kelvin não concordou com as condições, conforme revelou a própria confederação. "O Kelvin conquistou a primeira medalha do Brasil em Tóquio e a primeira do skate brasileiro em uma Olimpíada. É sem dúvida um grande nome não apenas para o Brasil, mas na cena mundial. Esperamos que na próxima temporada ele volte a estar presente na seleção", comentou o presidente da confederação, Eduardo Musa.

Além de Kelvin, outra ausência sentida é de Letícia Bufoni, com quem o medalhista olímpico aliás teve um entrevero público em Tóquio. De acordo com a confederação, ela vai se dedicar a "projetos pessoais e profissionais" na temporada. "A Leticia é um dos maiores nomes do skate feminino mundial. Por tudo que ela já realizou e conquistou no skate, é sempre uma referência importante dentro da Seleção. Esperamos poder contar com a presença dela novamente em 2023", disse Musa.

Letícia, de qualquer forma, já não vinha andando no mesmo nível que suas companheiras Rayssa Leal e Pâmela Rosa. No fim do ano passado, não foi ao Mundial e, nas mesmas datas, veio a São Paulo para acompanhar a Fórmula 1. Visando Paris, no street feminino, o Brasil também terá na seleção Virgínia Fortes Águas (16 anos), Marina Gabriela (19), Kemily Suiara (21), Isabelly Ávila (17) e Gabi Mazetto (24).

A World Skate ainda não divulgou os critérios de classificação para Paris, mas existe a forte possibilidade de ser criado um limite de idade. Nesse sentido, chama atenção o fato de Rayssa Leal, aos 14, continuar sendo a caçula de uma seleção que agora terá 25 atletas — são seis por prova, com exceção do street feminino, que terá sete, porque Isabelly Ávila está machucada.

No park feminino, as olímpicas Dora Varella, Yndiara Asp e Isadora Pacheco ganham a companhia de Victoria Bassi (14 anos) e das jovens Erica Leguizamon (14) e Raicca Ventura (15). Entre os homens, o time de park terá os experientes Pedro Barros e Murilo Peres ao lado de Luiz Francisco (21), Pedro Quintas (19), Luigi Cini (19) e Augusto Akio (21). Por fim, a equipe de street masculino será formada por Eduardo Neves (19), Gabryel Agular (22), Giovanni Viana (21), João Lucas Alves (21), Lucas Rabelo (23) e o veterano Felipe Gustavo (31).