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Olhar Olímpico

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Por que mundo do vôlei aposta que destino de Douglas Souza deve ser o BBB

Douglas Souza participa o "Conversa com Bial"  - Transmissão TV Globo
Douglas Souza participa o 'Conversa com Bial' Imagem: Transmissão TV Globo

10/12/2021 04h00

Desde que a Globo abriu o Big Brother Brasil para a presença de famosos, sempre que uma celebridade faz um movimento atípico nas semanas que antecedem o programa, automaticamente surge a suspeita de que a pessoa em questão pode pintar no BBB. Foi o que aconteceu ontem (9) quando Douglas Souza saiu de seu clube na Itália. Mas, nesse caso, as suspeitas vão muito além de especulação de fãs.

A aposta não é somente de perfis de celebridades e de torcedores, mas também de gente que conhece bem o jogador campeão olímpico em 2016. Para o grande público, essa possibilidade passou a ser discutida depois que Galvão Bueno a sugeriu para Douglas Souza em plena Olimpíada

"Douglas, você é um fenômeno. Já está se preparando para ficar um tempo longe do voleibol? Porque eu não duvido que o Boninho e o Tiago Leifert vão te chamar para o BBB22", disse Galvão na ocasião. "Me chamem, pelo amor de Deus! Estou pronto. BBB22, aí vou eu", respondeu o atleta.

O jogador já expressava que participar do BBB era um sonho antes mesmo de virar um fenômeno de popularidade a partir da chegada da seleção de vôlei ao Japão para as Olimpíadas. Desde então, o que se falava nos bastidores da modalidade é que o "fenômeno Douglas" não foi espontâneo, mas planejado.

Ele já era agenciado pela Mynd8, empresa de Preta Gil que tem em sua carteira de clientes ex-BBB's como Fly, Baby, Fuik e Pocah —além de nomes que vão de Cláudia Leitte a Alcione, de Caio Castro a Elba Ramalho. A assessoria de imprensa dele é feita por uma agência que o inclui na carteira de "artistas" e que cuida de outras celebridades do esporte, como Letícia Bufoni e Pedro Scooby.

O plano para transformar Douglas Souza em uma celebridade com 2,9 milhões de seguidores mesmo sendo reserva na seleção teria sido desenhado, segundo pessoas que conhecem o mercado de vôlei no Brasil, para que ele alçasse voos fora do esporte. Assim, a saída repentina do clube italiano no qual jogava seria não um indício de que Douglas "perdeu" o foco, mas que ele manteve seu foco principal: uma transição de carreira.

Na Itália há três meses, mais especificamente na pequena cidade de Maierato, na Calábria, no sul do país, Douglas não teria criado vínculo com outros jogadores exceto os brasileiro Maurício Borges e Flávio Gualberto. Longe dos seus cachorros, que ficaram no Brasil, ele teria se fechado ao convício social com os colegas, passando cada vez mais tempo em lives para o público brasileiro.

A saída do Tonno Callipo/Vibo Valentia foi conturbada. Segundo o Web Vôlei, o jogador não participou do treino de quarta-feira da equipe, que reclamou ter sido pega de surpresa com a saída dele. "Douglas deixou a cidade e seus companheiros sem qualquer autorização e justificativa. O clube, profundamente decepcionado com o comportamento inexplicável do atleta, avaliará todas as ações para proteger seus interesses", afirmou o clube em nota.

A assessoria de imprensa de Douglas afirmou à reportagem que o jogador rescindiu seu contrato na Itália, o que o clube nega, afirmando que só sabe que o jogador arrumou as malas e foi embora.

Ontem à noite, usando a hashtag "fugitiva", Douglas se pronunciou no Instagram. "Como alguns já sabiam, eu estava jogando na Itália e não estava gostando da experiência, não estava feliz. E eu decidi voltar para o Brasil. Falei com o clube um dia antes de voltar, conversei com eles, e está tudo bem. Foi isso. Decidi que ia voltar", contou.

"A gente está estudando o que vai ser melhor para o futuro. Nessa Superliga eu não vou jogar por enquanto, mas vou jogar na próxima", continuou Douglas, afirmando que seu empresário "segue em contato com o clube para tentar encerrar tudo da melhor maneira possível e fazer um acordo".

A coluna conversou com pessoas de diversos clubes e, de fato, nenhuma delas cogita contratar Douglas, ou que o jogador possa estar negociando com um time adversário. Hoje no Brasil, os principais clubes da Superliga Feminina têm orçamento muito maior do que os melhores da Superliga Masculina, e o salário de Douglas, que parte da base de R$ 1 milhão por temporada, não cabe na conta de nenhum deles.

Basta dizer que o último campeão da Superliga, o Funvic/Taubaté, onde Douglas jogou as últimas duas temporadas, não inscreveu um importante reforço no Mundial de Clubes que está sendo jogado em Betim (MG) porque não tinha R$ 36 mil de taxas. O Sesi-SP, onde Douglas também jogou, segue com o projeto de ter dois atletas de ponta (Eder e Murilo) e diversos garotos. Minas e Sada/Cruzeiro, independentemente do que possam ter de investimentos, estão com elenco fechado.

A certeza de que, a não ser que se ofereça para jogar de graça, Douglas não voltou ao Brasil para atuar por um clube daqui, só reforça, entre pessoas do vôlei, a certeza de que a vida de celebridade é o único caminho para ele. E o BBB, naturalmente, a via mais curta para o estrelato.