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Como parça de Neymar ajudou brasileiro a chegar ao Mundial de Bexiga

Brasileiro Diego Mendes disputa Copa do Mundo de Bixiga - Reprodução
Brasileiro Diego Mendes disputa Copa do Mundo de Bixiga Imagem: Reprodução

16/10/2021 12h24

Assistido ao vivo por mais de meio milhão de pessoas na última quinta-feira (14), Diego Mendes colocou o Brasil no quarto lugar de um Campeonato Mundial. O paulista de 33 anos foi um dos protagonistas de uma inédita e bem-sucedida Copa do Mundo de Bexiga, modalidade/gincana que estreou com repercussão que muitas modalidades olímpicas passam longe de ter.

"Uma vez lá dentro é uma competição muito intensa, muito gostosa de se viver. É uma coisa muito sã de se viver, sabe? As pessoas falam: campeonato de bexiga, nada a ver. Mas quando você está lá dentro e você vê as pessoas, você tenta ganhar, é bem gostoso", conta Diego, que foi apresentado com o sobrenome Mendez.

O evento, que na verdade de Copa do Mundo não tinha nada, surgiu de uma iniciativa comercial do streamer Ibai Llanos, famoso na Espanha, a partir da ideia original de três irmãos norte-americanos: Antonio, Diego e Isabel Arredondo. Em abril do ano passado, ainda no começo da pandemia, eles postaram no TikTok o primeiro vídeo na sala de casa jogando o que chamaram de "The Balloon Game".

Nada mais era do que uma brincadeira já feita por muita gente ao redor do mundo: um de cada vez bate na bexiga e aquele que deixar ela cair perde o jogo. Mas o primeiro vídeo teve 7,5 milhões de visualizações e, de tempos em tempos, uma publicação no TikTok bombava. Até que, já este ano, um vídeo passou de 12 milhões de visualizações e chegou a Ibai, que demonstrou interesse: "A quem pertence os direitos disso? Quero comprar."

Piqué, jogador do Barcelona, se tornou sócio da empreitada, que ganhou patrocínio da Nabisco. O próximo passo seria buscar atletas, mas eles não existiam. Então foram convidadas pessoas de nacionalidades diferentes que já moravam na Espanha. Em busca de um brasileiro, Piqué pediu ajuda de Erik Marçal, parça de Neymar e amigo de diversos jogadores.

"Conheço ele desde pequeno, a gente tem uma amizade muito boa. Chamaram ele para ele levar alguém, e foi de onde saiu meu nome", conta Diego, que mora em Barcelona desde os 13 anos, há duas décadas, e trabalha como gerente de uma academia de musculação e personal trainer.

Ele admite que sequer treinou para a Copa do Mundo, disputada principalmente por youtubers, streamers e tiktokers. Na competição, em formato de mata-mata, sua estratégia foi aproveitar-se do seu bom condicionamento físico. "Falei para meu parceiro: estou vendo que vai ser dois minutos intensos, então tenho que usar o condicionamento. Você dá um tapa e não sabe de que lado vai cair, fica correndo de um lado para outro."

Diego fez boa campanha, perdendo nas semifinais para o representante da Alemanha. "Fui fazer outro jogo, de mais ataque, perdi dois pontos e é difícil de recuperar. Ao longo de toda a competição fui fazendo um jogo tático, de cabeça, devagar, deixando o pessoal errar bastante. Na semifinal, quis atacar porque sabia que o menino era muito rápido, chegava em todas as bexigas", mas fui punido.

Em dois lances, os árbitros entenderam que Diego bateu na bexiga na horizontal, para o lado, sendo que a regra exige que o tapa seja para cima. O brasileiro acha que foi prejudicado pela interpretação e quer revanche. "Se sair o ano que vem, com certeza vou querer jogar." Na decisão do bronze, que você alguns lances abaixo, ele perdeu para o representante da Espanha.