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Olhar Olímpico

Suspensa, São Silvestre deve coincidir com Carnaval em julho do ano que vem

São Silvestre de 2019 reuniu 35 mil corredores brasileiros e estrangeiros - Roberto Casimiro/Fotoarena/Estadão Conteúdo
São Silvestre de 2019 reuniu 35 mil corredores brasileiros e estrangeiros Imagem: Roberto Casimiro/Fotoarena/Estadão Conteúdo

31/12/2020 04h00

Hoje será um 31 de dezembro diferente. Pela primeira vez em quase 100 anos, as ruas de São Paulo não serão palco de uma das mais tradicionais e importantes corridas de rua do mundo, a São Silvestre. O motivo é óbvio: a pandemia do novo coronavírus, que impede aglomerações. Se tudo der certo, a prova será disputada em julho do ano que vem, em pleno Carnaval.

O mais famoso evento de pedestrianismo do país sofre do mesmo mal de todas as outras: o completo congelamento do mercado de corridas de rua. Quando a pandemia foi declarada, em março, e começou a quarentena, organizadores relutaram em suspender provas e continuaram vendendo inscrições. Tanto que a Maratona Internacional de São Paulo foi a última a ser cancelada entre todas as maratonas internacionais do mundo previstas para o primeiro semestre.

Em julho, quando a curva de casos já diminuía, grandes organizadores de provas de rua vislumbraram a possibilidade de que no fim do ano o mercado pudesse voltar a funcionar. E a São Silvestre passou a ser apontada como a grande vitrine. Se ela pudesse ser realizada em dezembro, mesmo com medidas de segurança e com menos participantes [ou só com a elite], seria o recado para a sociedade de que as corridas de rua são viáveis mesmo na pandemia. A Federação Paulista de Atletismo (FPA) defendia essa ideia.

Mas existia um risco mercadológico. Há três ou quatro meses, ninguém poderia dizer com certeza que chegaríamos ao fim do ano com autorização sanitária para uma corrida. Se a Fundação Casper Líbero, proprietária da prova, e a Yescom, sua realizadora, decidissem investir na organização da São Silvestre, precisariam tirar dinheiro do bolso, sob o risco de não conseguirem realizá-la. Patrocinadores também não viram motivos para apostar no incerto.

A decisão só foi anunciada em 22 de setembro: "A Comissão Organizadora teve entendimentos com a Secretaria Municipal da Casa Civil. A decisão pela transferência leva em consideração a instabilidade do cenário atual, onde os decretos de quarentena estão sendo postergados, não havendo ainda uma definição de retorno das corridas de rua deste porte até o mês de dezembro", disse a Yescom, que faz a organização técnica da corrida. No fim das contas, chegamos ao dia 31 de dezembro com o Estado na fase vermelha do Plano São Paulo

A 96ª edição da São Silvestre foi então marcada para o dia 11 de julho do ano que vem. O problema é que depois a prefeitura de São Paulo, em concordância com o governo de Salvador e do Rio de Janeiro, marcou o Carnaval de rua de 2021 para de 9 a 12 de julho. Ou seja: a São Silvestre ocorreria durante o Carnaval.

Os organizadores da corrida, porém, avisam que essa data não é definitiva. "A nova data pode sofrer alteração de acordo com as determinações dos órgãos públicos competentes. Em caso de mudança, as inscrições presenciais para a 96ª edição continuarão válidas automaticamente para nova data a ser divulgada."

Depois de nove meses de tentativas infrutíferas de voltar com as corridas de rua, os principais organizadores do país agora estão evitando dar murro em ponta de faca. Os consumidores já indicaram que só vão voltar a pagar por inscrições quando tiverem segurança de que vão poder correr, uma certeza que ninguém é capaz de dar. Não à toa, a Maratona de São Paulo de 2020 já foi adiada pela terceira vez - seria em abril/2020, passou para novembro/2020, depois abril/2021 e agora outubro de 2021. A meia de São Paulo de 2021, em fevereiro, não será realizada. Ficou para 2022.