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Olhar Olímpico

Esposa de líder paraolímpico é exonerada após 30 dias no governo

12/09/2020 11h46

Durou apenas 30 dias a passagem de Marcela Parsons pelo governo Jair Bolsonaro (sem partido). A esposa de Andrew Parsons, principal autoridade do esporte paraolímpico mundial, foi exonerada ontem (11) do cargo de secretária nacional do paradesporto. A decisão está no Diário Oficial da União de hoje (12).

"A própria criação dessa secretaria decorre de um projeto que iniciei no Governo do Distrito Federal e que o Governo Federal quis implementar também. Gostaria de ter tido a oportunidade de fazer o trabalho, mas a vida política tem dessas coisas. Fica o legado da existência da própria Secretaria do Paradesporto, beneficiando as pessoas com deficiência através do esporte", comentou ela ao Olhar Olímpico.

Marcela, que é treinadora de hipismo paraolímpico e uma das precursoras da modalidade no Brasil, esteve na posse do secretário Marcelo Magalhães em março e, desde junho, pelo menos, aguardava uma nomeação que só saiu em 11 de agosto. A criação da pasta, voltada ao paradesporto que não se encaixa nos Jogos Paraolímpicos (especialmente os surdos, área de atuação da primeira dama Michelle Bolsonaro), era promessa do antigo ministro Osmar Terra (MDB).

"Agradeço todo o carinho recebido pela comunidade das pessoas com deficiência, principalmente do Movimento de Desporto para Surdos, que há mais de 35 anos não recebiam atenção das autoridades esportivas, que viram uma luz no fim do túnel com minha atuação", continuou a agora ex-secretária.

A exoneração de Marcela, porém, escancara o mesmo problema pelo qual passaram os dois outros secretários especiais do Esporte antes de Magalhães: eles não têm poder de decisão. Marcela foi demitida porque o ministro Onyx Lorenzoni quer outra pessoa na pasta. Queda de braço semelhante, inclusive envolvendo Magalhães (que até então comandava o Legado Olímpico, contra a vontade do então secretário general Brasil), derrubou todos os militares que comandavam a secretaria no começo do ano.

A crise na secretaria do Esporte é grave. Como mostrou o Olhar Olímpico, 524 funcionários terceirizados foram dispensados na sexta-feira da semana passada, quando encerrou um contrato de prestação de serviços. O Ministério da Cidadania sabia que o contrato venceria em 4 de setembro e que tinha a opção de renová-lo por seis meses, devido ao Estado de Emergência. Mas optou por encerrá-lo antes de abrir nova licitação. Agora, a secretaria ficará por meses sem 2/3 de sua força de trabalho, o que deve paralisar projetos como a Bolsa Atleta e a Lei de Incentivo ao Esporte, por falta de pessoal.

Não bastasse tudo isso, a secretaria ainda perdeu cargos de comissão, também. Só ontem foram exoneradas quatro pessoas que trabalhavam na área técnica da Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD).

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