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Rúgbi estuda proibir mulheres trans por 'segurança'

Austrália e Nova Zelândia se enfrentam no rúgbi feminino - Divulgação/World Rugby
Austrália e Nova Zelândia se enfrentam no rúgbi feminino Imagem: Divulgação/World Rugby

21/07/2020 13h58

A World Rugby, federação internacional da modalidade, está discutindo proibir a participação de mulheres transexuais no rúgbi sob a alegação de que elas podem vir a apresentar risco físico às mulheres cisgêneras. Se essa regra for de fato implementada, como noticiou o jornal britânico The Guardian, o rúgbi seria o primeiro esporte de nível olímpico a barrar mulheres trans.

O Guardian teve acesso a um documento de 38 páginas produzido por um grupo de trabalho da World Rugby. Esse estudo aponta como provável que haja "pelo menos um risco 20 a 30% maior" de lesão quando uma jogadora mulher é atingida por alguém que passou pela puberdade masculina.

Vigora de forma geral no movimento olímpico uma recomendação do Comitê Olímpico Internacional (COI) para que mulheres transexuais sejam aceitas desde que se submetam a tratamentos hormonais, permanecendo inicialmente por um ano com testosterona abaixo 10 nmol/L de sangue antes de poder competir pela primeira vez como mulher e depois comprometendo-se a seguir abaixo desse patamar. É essa a regra que vale para os Jogos Olímpicos.

Duas federações internacionais, de ciclismo e de atletismo, já realizaram estudos específicos para suas respectivas modalidades e, a partir desses achados, estipularam regras menos rígidas. Nos dois casos o limite de testosterona no corpo da mulher trans agora é de 5 nmol/L.

O documento da World Rugby, porém, diz que o limite de 10 nmol/L não é suficiente para permitir a inclusão de mulheres trans na modalidade, porque as atletas que tiveram puberdade masculina (sem controle de testosterona durante a puberdade) ganharam força que seria desproporcional e colocaria em possível risco outras atletas.

"As jogadoras cis que jogam com e contra as mulheres trans correm um risco significativamente maior de lesões devido à natureza do contato do rúgbi", diz o documento citado pelo Guardian. O grupo de trabalho aponta que mulheres trans que tiveram puberdade masculina são, na comparação com mulheres cis, de 25% a 30% mais fortes, 40% mais pesadas e 15% mais rápidas. A supressão da testosterona, de acordo com esses estudos, reduz força, mas não resulta em perda de massa óssea ou volume muscular.