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Olhar Olímpico

COI mudou de ideia sobre Tóquio após casos de Covid-19 dispararem na Suíça

23/03/2020 14h00

Sediado em Lausanne, na Suíça, o Comitê Olímpico Internacional (COI) só aceitou discutir o adiamento dos Jogos Olímpicos de Tóquio quando o surto de coronavírus chegou com força à Suíça e passou a afetar mais diretamente a vida de seus funcionários e dirigentes. Na terça-feira passada, dia 17, quando o COI rejeitou a ideia de adiar a Olimpíada, a Suíça tinha 2,7 mil casos confirmados. Ontem (22), cinco dias depois, já eram 6,8 mil. As mortes aceleram de 17 para 98. Paralelamente, cresceu a pressão de atletas defendendo o adiamento.

A expansão do Covid-19 é especialmente preocupante porque a Suíça é o segundo país do mundo com mais casos confirmados por habitante, exceto as cidades-estado como Vaticano, San Marino e Luxemburgo, atrás apenas da Islândia. O último levantamento apontou que o país tem 8,5 mil casos, com mil novas confirmações nas últimas 24 horas e 20 novas mortes. A cada um milhão de habitantes, 988 estão infectados. Isso é mais que Itália (978) ou Espanha (978).

Especificamente no COI os funcionários já trabalham em regime de home office desde a segunda-feira da semana passada. Antes a medida foi adotada para os colaboradores da OBS, a empresa responsável pela produção das imagens dos Jogos Olímpicos, que fica em Madri, na Espanha. O Museu Olímpico está fechado há uma semana.

A situação no país é especialmente grave em Vaud, a região cuja capital é Lausanne, onde os casos chegam a 2.350 a cada milhão de habitantes, e em Ticino, região que faz divisa com o norte da Itália. Hoje o governo anunciou um plano para tentar repatriar cerca de 15 mil suíços que estão em diversas partes do mundo. Na Suíça também ficam as sedes de diversas federações internacionais, como as de vôlei e de futebol.

No domingo, em reunião extraordinária do Conselho Executivo do COI realizada por videoconferência, o comitê decidiu começar a estudar todos os cenários para os Jogos Olímpicos de Tóquio, incluindo um adiamento. Depois de Thomas Bach pedir no começo da semana que os atletas continuassem treinando normalmente, diversos deles começaram a reclamar nas redes sociais que não podem fazê-lo, a não ser que coloquem em risco suas saúdes.

O comitê olímpico espanhol foi o primeiro a se declarar publicamente favorável ao adiamento dos Jogos, sendo seguido pela federação de natação dos Estados Unidos e, na sequência, pela de atletismo. Juntas, essas duas entidades venceriam o quadro de medalhas da Rio-2016, com mais conquistas que qualquer outro país, inclusive o resto dos EUA. Os comitês olímpicos do Brasil e da Noruega também se posicionaram a favor da Olimpíada adiada para 2021.

Depois do pronunciamento de ontem do COI, o movimento por Tóquio-2021 ganhou ainda mais força. O Comitê Olímpico do Canadá disse que se a Olimpíada for em 2020 não enviará seus atletas e o comitê australiano pediu para seus esportistas focarem em 2021. A World Athletics, do atletismo, avisou que apoia a transferência dos Jogos para o ano que vem.

Nesta segunda-feira, o próprio Comitê Olímpico da Suíça pediu o adiamento dos Jogos de Tóquio, "Sob essas condições, não acreditamos que uma Olimpíada global justa no sentido do movimento olímpico seja possível. É por isso que solicitamos ao COI um adiamento", disse o presidente da Suíça, Juerg Stahl, em comunicado. A CNN Internacional informou que a Alemanha também pediu o adiamento dos Jogos ao COI.