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Opinião

Jon Jones acertou em se aposentar: não há mais nada a provar

A confirmação da aposentadoria de Jon Jones feita por Dana White neste sábado (21), logo após o UFC Baku, encerra oficialmente o capítulo mais dominante da história do MMA. E, por mais que alguns fãs lamentem não vê-lo em ação contra nomes da nova geração, como Tom Aspinall, a verdade é uma só: Jones fez o certo ao pendurar as luvas.

Campeão mais jovem da história do UFC, Jon Jones varreu uma geração inteira de ex-campeões em uma das divisões mais perigosas do esporte, os meio-pesados (93 kg). Depois, teve fôlego e ambição para subir aos pesados e conquistar o cinturão da nova categoria. Com títulos em duas divisões e um currículo que inclui vitórias sobre nomes como Daniel Cormier, Lyoto Machida, Mauricio Shogun, Rampage Jackson, Glover Teixeira e Stipe Miocic, ele construiu uma carreira praticamente irretocável.

Sua única derrota -- por desclassificação em uma luta que dominava -- é amplamente considerada injusta e, pelas regras atuais, sequer seria mantida. Na prática, Jon Jones foi um campeão invicto em duas categorias de peso. E isso é o que mais importa quando se fala em legado.

A tão especulada luta contra Tom Aspinall, embora interessante do ponto de vista técnico, não faria sentido para alguém do seu patamar. Aos 37 anos e já consagrado, "Bones" teria muito mais a perder do que a ganhar enfrentando um nome em ascensão. Vencer Aspinall, por mais talentoso que o britânico seja, não acrescentaria nada ao seu legado. Por outro lado, uma derrota -- ainda que plausível contra um atleta em seu auge físico -- alimentaria narrativas injustas sobre o fim da carreira.

Jon Jones sai de cena no momento certo. Consciente de sua história, fiel ao seu legado e dono de uma trajetória que o coloca, sem exageros, de forma isolada na discussão sobre o maior de todos os tempos no MMA. Ele já fez tudo o que um lutador poderia sonhar em fazer dentro do octógono.

De fato, seu maior adversário sempre foi ele mesmo. Com diversos problemas pessoais ao longo dos anos -- que culminaram em quatro prisões --, Jones chegou a perder o título em duas oportunidades: uma por um acidente de trânsito, outra por falha em um exame antidoping. Ainda assim, nem ele próprio foi capaz de frear tanto talento. Próximo de completar 38 anos e dono de um cartel virtualmente invicto em 30 lutas, o americano pode, enfim, desfrutar de seu tempo livre -- com a certeza de que sua lenda está mais do que consolidada.

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