Do Bronx está perto do título, mas longe do controle sobre seu destino

A vitória de Jack Della Maddalena sobre Belal Muhammad no UFC 315, neste sábado (10), fez mais do que coroar um novo campeão dos meio-médios. Ela acendeu uma luz no fim do túnel para Charles do Bronx -- e com razão. O brasileiro pode finalmente ter o caminho livre para disputar novamente o cinturão dos leves. Mas como tudo no UFC, ainda há muitas peças que precisam se encaixar. E o relógio corre.
A lógica, pelo menos na teoria, é simples. Islam Makhachev, atual campeão dos leves, deixou claro seu desejo de subir para os meio-médios e buscar um segundo cinturão. Mas isso só seria possível se seu parceiro de treinos, Belal Muhammad, perdesse -- o que aconteceu. Agora, com o título dos leves potencialmente vago, Charles surge como o nome mais natural para liderar a nova disputa. É aí que começa o problema: o UFC é especialista em criar e desfazer cenários em questão de horas.
E Charles, nesse caso, não está no comando das ações. Ele depende da confirmação da subida de Makhachev, da decisão da organização de declarar o cinturão vago e, principalmente, da boa vontade dos matchmakers em colocá-lo como peça principal no novo quebra-cabeça. A comparação com Ilia Topuria, que subiu de categoria no início do ano para disputar o cinturão dos leves, ajuda a entender o contexto.
O espanhol abriu mão do título dos penas para subir. Charles, por sua vez, já foi campeão e continua entre os nomes mais relevantes da divisão. Um duelo entre os dois faz todo sentido -- tanto esportivamente quanto em termos de marketing. Mas, até agora, nada foi oficializado. O tempo, por sua vez, é um inimigo silencioso.
O UFC 317 está marcado para o dia 28 de junho, em Las Vegas, e tudo indica que o cinturão dos leves será a atração principal. Com menos de dois meses até o evento, qualquer decisão precisa ser tomada com urgência. Charles precisa saber se deve começar um camp (aparentemente já iniciou). O UFC precisa montar a estrutura do card. E os fãs -- bom, os fãs já estão ansiosos há muito tempo.
Mas o roteiro pode mudar. Caso o UFC opte por outro cinturão para liderar o evento, a pressão diminui. Nesse caso, Charles teria que esperar ainda mais, com outros nomes como Arman Tsarukyan e Justin Gaethje entrando com força na disputa. E a chance que hoje parece próxima pode evaporar de uma hora para outra. No fim das contas, Charles do Bronx continua sendo um dos personagens mais carismáticos e empolgantes do MMA atual. O Brasil quer vê-lo disputar o cinturão novamente - ele merece. Mas isso, nesse caso, não basta. É o UFC quem dita as regras. E por enquanto, o jogo segue em aberto.
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