Postura midiática de Jean Silva agrada ao UFC, mas divide fãs brasileiros

Jean Silva viu sua popularidade disparar nos últimos meses. Com duas vitórias pela via rápida em 2025, o catarinense fez sua estreia em um card numerado do UFC neste sábado (12) e, com uma atuação de gala diante de Bryce Mitchell, provou que tem potencial para brigar por um lugar entre os grandes nomes da categoria.
No entanto, seu maior desafio parece ser, curiosamente, conquistar de vez o público brasileiro -- e não pelas suas habilidades como lutador, mas por sua postura fora do octógono. Durante a promoção do duelo contra Mitchell, Jean abusou das provocações e ironias, tanto para desestabilizar o adversário quanto para chamar atenção. Esse estilo, que agrada ao mercado americano, ainda provoca reações divididas no Brasil.
Com perfis culturais distintos, as torcidas valorizam abordagens diferentes de seus ídolos. Enquanto o fã norte-americano consome o espetáculo com o entretenimento em primeiro plano, os brasileiros tendem a exigir coerência entre o atleta e sua persona pública -- o que torna mais difícil para Jean consolidar sua imagem no país natal.
Afinal, o UFC é uma organização americana, cuja principal fonte de receita vem do mercado interno. E uma promoção bem construída, seja ela carismática, polêmica ou provocativa, resulta em maior audiência e, consequentemente, mais dinheiro. É simples de entender.
O outro lado da moeda, porém, é que atletas como Jean correm o risco de se afastar do público brasileiro -- o mesmo que pode ser essencial para atrair patrocinadores e oportunidades comerciais locais.
Aos 28 anos, Jean Silva mostra naturalidade ao provocar, responder e rivalizar com adversários nas redes sociais e em coletivas de imprensa. Mesmo sem falar inglês, criou uma marca própria: uma sequência de latidos que, cada vez mais, ganha coro nos eventos do UFC. Soma-se a isso seu estilo agressivo e contundente dentro do octógono -- uma combinação perfeita para os fãs de entretenimento que transformaram o MMA em um esporte bilionário.
Resta saber se o público brasileiro estará disposto a abraçar essa nova era de personagens performáticos. Pelo que indicam as críticas recentes -- seja pelas provocações a Bryce Mitchell, que, vale lembrar, foi "cancelado" semanas antes por declarações favoráveis ao ex-ditador nazista Adolf Hitler; seja pela dificuldade de bater o peso na véspera da luta -- essa aceitação ainda parece distante.
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