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Opinião

UFC foi quem mais perdeu com a derrota de Alex Poatan

Alex Poatan foi superado por decisão unânime na luta principal do UFC 313, neste sábado (8), em Las Vegas (EUA). O resultado, favorável a Magomed Ankalaev, expõe um cenário preocupante para a organização. Isso porque a maioria dos atuais campeões não consegue impulsionar grandes vendas de pay-per-view (pacotes de transmissão na TV americana) - e o russo é um deles.

Curiosamente, Poatan era, até então, o principal ativo do UFC. Como um dos campeões mais ativos dos últimos anos, o meio-pesado conquistou notoriedade com nocautes avassaladores e cativou uma legião de fãs com seu estilo sério, mas, por vezes, brincalhão fora do octógono. Justamente por isso, afirmo sem dúvidas: quem mais perdeu com essa derrota foi o próprio evento.

Trocar seu campeão mais carismático por um atleta sem grande apelo junto ao público apenas reforça uma tendência que já se desenhava no UFC. Merab Dvalishvili, Julianna Peña, Belal Muhammad e Dricus Du Plessis são alguns dos campeões que não geram engajamento nem dentro nem fora do octógono. O resultado? A organização terá que encontrar novas estratégias para vender seus eventos principais.

Historicamente, as disputas de cinturão sempre foram a grande atração dos principais cards. Agora, no entanto, com tantos campeões de baixo apelo midiático, é natural que os números de vendas caiam cada vez mais. Ou seja, ou as regras mudam para favorecer lutadores mais agressivos e empolgantes (o que parece improvável), ou as chamadas "money fights" -- duelos montados com base no apelo comercial -- se tornam mais frequentes. Caso contrário, não vejo uma solução viável.

É um dilema complexo. Afinal, a essência do esporte determina que o melhor atleta da noite vença, independentemente do espetáculo que proporciona. Mas, se ele não for empolgante, a chance de "furar a bolha" e atrair mais fãs -- e, consequentemente, mais consumidores -- se reduz drasticamente. Com isso, a empresa lucra menos e todos saem perdendo. Todos!

Se 2024 foi o ano em que Alex Pereira "salvou" o UFC diversas vezes, aceitando desafios com pouco tempo de preparação e consolidando-se como o maior nome da organização, 2025 marca, mesmo que temporariamente, o fim da Era Poatan. E, com ela, se vai também o incentivo para que os lutadores do mais alto nível busquem não apenas vencer, mas também entreter. O reinado de Ankalaev já começa pragmático e sem brilho -- o pior cenário possível para uma empresa que tenta expandir sua base de fãs ao redor do mundo.

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