Rival de Alex Poatan quebra jejum durante Ramadã; entenda a polêmica

Se antes a grande discussão sobre o aguardado duelo entre Alex Poatan e Magomed Ankalaev girava em torno do provável confronto de estilos entre os protagonistas da luta principal do UFC 313 - que acontece neste sábado (8), em Las Vegas (EUA) -, agora o aspecto técnico da análise sobre a disputa pelo cinturão dos meio-pesados (93 kg) perdeu espaço para uma polêmica envolvendo a religião do atleta nascido no Daguestão, na Rússia.
A controvérsia começou logo após o anúncio oficial da luta. Muçulmano, Ankalaev teria que finalizar sua preparação e competir durante o mês do Ramadã, período no qual todos os praticantes do Islamismo que já chegaram à puberdade praticam o jejum do nascer ao pôr do sol - um fator que, em tese, poderia prejudicar seu desempenho diante do temido campeão brasileiro. No entanto, novos desdobramentos fizeram com que o assunto se tornasse o centro das discussões sobre o combate.
Inicialmente, Ankalaev e seus fãs lamentaram o fato de a luta ter sido marcada para o período do Ramadã, que neste ano vai de 28 de fevereiro a 29 de março. O russo chegou a culpar Alex Poatan pela escolha da data, alegando que o brasileiro teria influenciado o UFC para que ele chegasse debilitado à disputa pelo cinturão. Ainda assim, garantiu que entraria no octógono da 'T-Mobile Arena' em plenas condições de destronar o campeão.
A partir daí, ganhou força uma narrativa que exaltava o sacrifício e comprometimento do atleta russo, que supostamente lutaria "contra tudo e contra todos". No entanto, a poucos dias do UFC 313, uma reviravolta nesta história - que já se tornava um fator promocional para o evento - parece ter desfeito a justificativa perfeita para Ankalaev em caso de derrota.
Em entrevista exclusiva à Ag Fight, Alex Poatan questionou se Ankalaev, de fato, estaria cumprindo o jejum do Ramadã. O campeão brasileiro foi além e afirmou que seu rival estaria enganando o público, alegando ter visto as marmitas preparadas pelo UFC para o russo, algumas das quais deveriam ser consumidas em horários proibidos pelo jejum religioso.
O próprio Ankalaev, também em entrevista à Ag Fight, confirmou que não segue o jejum à risca na semana pré-luta. Segundo o desafiante, porém, a única "quebra" seria o consumo de água, essencial para o corte de peso. Além disso, há uma brecha na religião islâmica que permite que um praticante adie o jejum em caso de necessidade comprovada.
As novas informações causaram polêmicas nas redes sociais. Agora, os fãs de Poatan rebatem a narrativa anterior e questionam se Ankalaev não estaria omitindo mais detalhes, alegando que a quebra do jejum poderia ir além da ingestão de água. O fato é que essa discussão se tornou, sem sombra de dúvidas, o tema mais comentado nos dias que antecedem o evento.
No entanto, diante da magnitude do UFC 313, essa polêmica parece irrelevante. Por mais que queira respeitar sua religião, é difícil imaginar que Magomed Ankalaev comprometeria sua preparação para a luta mais importante de sua carreira - ainda mais considerando que esta é sua segunda chance de conquistar o cinturão dos meio-pesados. Um novo fracasso pode significar o fim do seu sonho de se tornar campeão.
Por outro lado, Poatan também teve sua preparação questionada pelo ex-campeão Daniel Cormier, sob a acusação de levá-la de forma descompromissada devido a viagens e compromissos comerciais durante o camp. No fim das contas, o profissionalismo e a capacidade dos dois não podem ser colocados em dúvida. Ambos já provaram que, quando chega a hora da competição, estão prontos para entregar o melhor dentro do octógono.
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