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Opinião

Rivalidade com Poatan elevou Adesanya no UFC, mas iniciou o seu declínio

Israel Adesanya foi nocauteado neste sábado no UFC realizado na Arábia Saudita, o que abriu espaço para discussões sobre o quão próximo ele está do fim de sua carreira. Renomado kickboxer, Adesanya migrou com sucesso para o MMA e rapidamente se destacou no evento. Com atuações brilhantes e uma sequência de vitórias, o nigeriano atingiu o ápice de sua trajetória em 2019, quando derrotou Anderson Silva em fevereiro e, dois meses depois, conquistou o título interino antes de se tornar campeão linear em outubro. Não havia dúvidas: ali começava a "Era Adesanya" na divisão dos pesos-médios.

Seu domínio era tão absoluto que, já sem grandes desafios na categoria, os promotores do evento o colocaram para disputar o cinturão dos meio-pesados em 2021. Na ocasião, ele foi superado por pontos por Jan Błachowicz, em uma performance que, apesar da derrota, não comprometeu seu legado. Prova disso é que, em seguida, acumulou mais três vitórias antes de enfrentar o brasileiro Alex Poatan.

Esse confronto foi um divisor de águas para ambos. Poatan foi contratado pelo UFC não apenas por seu histórico vitorioso no kickboxing, mas principalmente por ter derrotado Adesanya duas vezes na modalidade. O UFC precisava de novos rivais e narrativas para manter o interesse do público no nigeriano, e o brasileiro encaixou-se perfeitamente nesse papel.

Com um estilo nocauteador, enigmático e exímio na luta em pé, Poatan acrescentou ainda mais brilho à trajetória de Adesanya. Nos dois combates entre eles no MMA, cada um venceu uma luta por nocaute, intensificando a rivalidade e impulsionando suas carreiras - embora os tenha colocado em direções opostas.

O último embate entre os dois, em abril de 2023, marcou a última derrota de Poatan no octógono até o momento. Desde então, ele acumula cinco vitórias, vários nocautes e o cinturão dos meio-pesados como troféu. Enquanto isso, Adesanya, muito menos ativo, ainda não voltou a vencer e, neste sábado, amargou sua terceira derrota consecutiva.

A má fase levanta inevitáveis questionamentos entre os fãs sobre as razões por trás do declínio. Alguns acreditam que a vitória sobre Poatan foi o último grande feito de um Adesanya faminto, que, após derrotar seu maior rival, perdeu a chama necessária para se manter no topo de um esporte tão exigente quanto o MMA. Outros argumentam que, com o tempo, seu estilo se tornou previsível e mais fácil de ser neutralizado. Há também quem veja a sequência negativa como fruto do acaso, apostando que ele ainda pode recuperar o cinturão.

Independentemente das teorias, uma coisa é certa: Adesanya e Poatan foram fundamentais um para o outro em momentos decisivos de suas carreiras, proporcionando capítulos memoráveis na história do esporte. Contudo, ao final dessa rivalidade, Poatan encontrou novos caminhos dentro do octógono, enquanto o mesmo não pode ser dito sobre o nigeriano. Isso acontece com todos os atletas, em qualquer modalidade. Ainda assim, é inegável o sentimento de nostalgia ao percebermos que não veremos mais o auge de um dos lutadores mais brilhantes que o MMA já conheceu. Quem viu, jamais esquecerá.

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