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Nate Diaz coloca em risco sua última dança no UFC para conseguir 'money fight'

Nate Diaz acumula mais de 30 lutas de MMA no cartel - Steve Marcus/Getty Images
Nate Diaz acumula mais de 30 lutas de MMA no cartel Imagem: Steve Marcus/Getty Images

Colunista do UOL

20/07/2022 04h00

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Nate Diaz precisou disputar 22 lutas em um período de nove anos no octógono mais famoso do mundo para se tornar uma das grandes estrelas do MMA mundial, quando bateu Conor McGregor em março de 2016 e, merecidamente, passou a receber polpudos cheques no UFC. De lá para cá, no entanto, sua atividade no esporte caiu, assim como o seu rendimento —foram quatro disputas e apenas uma vitória no período.

Agora, ao que parece, o cenário para sua "última dança" (luta final de seu contrato) no UFC está montado, e nem de longe surge como animador para o veterano de 37 anos, dono de cartel com 33 lutas profissionais de MMA. Na última terça-feira (19), Hunter Campbell, chefe de operações do evento, revelou à reportagem da ESPN que o atleta encara Khamzat Chimaev no dia 10 de setembro, em Las Vegas (EUA), o que rapidamente movimentou as bolsas de apostas nos EUA.

De acordo com o site especializado 'Draft Kings', o americano surge com a cotação de +800. Ou seja, cada real investido no seu triunfo gera oito vezes mais de retorno, enquanto o rival checheno, amplo favorito para o combate, registra a marca de -1250 (para lucrar R$ 100 é preciso apostar R$ 1250). Esse é o nível da confiança visto nos cassinos em um triunfo de Diaz, e faz todo sentido.

Em má fase no octógono, Diaz já não se apresenta como em seu auge, quando chegou a ser um atleta de elite entre os pesos-leves. Com pouco ritmo de luta e próximo dos quarenta anos, o veterano subiu de categoria e, agora como meio-médio, não se mostra capaz de fazer frente aos rivais nos quesitos força, punch ou volume de jogo. Basicamente, sua estratégia, a mesma utilizada nos últimos anos, se resume a um eficiente direto de esquerda aliado ao queixo resistente e um jogo de chão afiado. Parece pouco para o desafio que ele terá pela frente.

Nove anos mais jovem, Chimaev é visivelmente mais forte e pesado. Dono de um jogo de quedas preciso, o atleta checheno muito dificilmente será colocado para baixo pelo oponente, além de possuir maior poder de fogo em suas mãos, versatilidade e controle do cage. A disputa, apontada por Nate como sua despedida da organização, parece ter sido fruto de uma demorada negociação.

Sem competir desde junho de 2021, Nate pedia publicamente por um confronto capaz de gerar cifras milionárias. Ao mesmo tempo, por deixar claro que o interesse em seguir competindo no show comandado por Dana White era mínimo, o americano não ganhou a empatia dos promotores, que não aliviaram na escolha do seu rival.

O casamento da luta por si só contempla todos os ingredientes de uma "money fight" (luta responsável por registrar boas vendas de pay-per-view e, consequentemente, garantir bons pagamentos aos protagonistas), e deixa de lado qualquer relação com o ranking oficial do show. Resta saber se o valor do cheque irá compensar o risco de um final de carreira no UFC tão melancólico.