Milton Neves

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Opinião

Leão, Oswaldo e Ancelotti: quando o orgulho fala mais alto que o bom senso

Durante o 2º Fórum Brasileiro de Treinadores de Futebol, realizado nesta semana, dois ícones da antiga geração de técnicos brasileiros, Emerson Leão e Oswaldo de Oliveira, protagonizaram um momento, no mínimo, constrangedor.

Na presença do italiano Carlo Ancelotti, atual comandante da seleção brasileira, Leão afirmou que "nunca gostou de treinadores estrangeiros" no país, e Oswaldo completou dizendo esperar que "um brasileiro volte ao cargo quando o italiano for campeão e for embora no ano que vem".

As declarações, evidentemente, repercutiram mal.

E não apenas por aqui.

A imprensa internacional também destacou a indelicadeza dos nossos treinadores com um profissional que, desde que chegou ao Brasil, tem se mostrado gentil, educado e respeitoso com todos.

Mas, mesmo sem querer bancar o advogado de ninguém, é importante entender o contexto.

Eu convivi, entre entrevistas e bastidores, com dezenas de técnicos dessa geração.

E posso garantir: a imensa maioria da velha guarda pensa exatamente como Leão e Oswaldo.

Não por arrogância, mas por apego ao tempo em que o futebol brasileiro dominava o mundo com ideias e métodos que todos queriam copiar.

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O problema é que o mundo da bola mudou de uns anos para cá.

E nós não mudamos com ele.

O futebol se tornou algo muito mais físico, científico e teórico do que intuitivo.

E, para voltar a competir em alto nível, precisamos desse intercâmbio de ideias.

Queiram os mais antigos ou não.

Claro que é difícil para quem viu o Brasil ser modelo aceitar que agora precise aprender com quem vem de fora.

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Mas isso não justifica a grosseria.

Oswaldo e Leão têm todo o direito de pensar o que quiserem, mas não de constranger publicamente um convidado, ainda mais alguém do nível e da elegância de Ancelotti.

Opinião não é e nunca deveria ser um problema.

A falta de respeito, sim.

Torço para que eles se desculpem e que o triste caso pelo menos sirva de exemplo.

E que profissionais que estão hoje no Brasil ganhando a vida honestamente não passem mais situação embaraçosas como esta.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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