Prestes a eleger um prefeito socialista, Nova York vira núcleo antifascista

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A cidade de Nova York provoca sentimentos fortes em quem a conhece. É um lugar inóspito à primeira vista. Suja, barulhenta, superlotada, cara, frenética, agressiva, cruel. Essa impressão é forte para quem passa por três de suas cinco regiões: Manhattan, Brooklyn e Bronx. As outras duas, Queens e Staten Island, provocam sentimentos menos impactantes. De qualquer forma, não se visita Nova York sem voltar de lá transformado e transformada.
Uma cidade construída por imigrantes e mantida por imigrantes. Para quem tem tempo de por lá ficar, a primeira impressão vai dando lugar a uma espécie de absurdamento: museus, restaurantes, óperas, parques, bibliotecas, eventos ao ar livre, concertos gratuitos, ciclofaixas. A cidade aos poucos vai se mostrando acolhedora e receptiva.
O caldo cultural e racial fez de Nova York o lugar ideal para que um núcleo antifascista e antitrumpista fosse organizado. Mas talvez nada acontecesse se não aparecesse no horizonte o mais improvável dos políticos: um jovem muçulmano nascido em Uganda que fala árabe fluentemente, defende a liberdade da Palestina e que fez sua campanha para prefeito dizendo que iria congelar os alugueis e tornar os ônibus gratuitos para moradores.
Zohran Mamdani, 37 anos, é o favorito na eleição dessa terça-feira, concorrendo contra o democrata Andrew Cuomo, agora apoiado por Trump e, como seu apoiador, acusado por mais de dez mulheres de violência sexual.
Quase trinta bilionários novayorquinos gastaram muitos de seus bilhões para impedir a provável vitória de Mamdani. O jovem muçulmano se tornou uma sensação entre os jovens e os progressistas e é apoiado pela maior parte da população. Deve se eleger com certa facilidade salvo qualquer apocalipse.
Ao lado dos congressistas Alexandra Ocasio-Cortez e Bernie Sanders, cuja candidatura em 2016 o inspirou a concorrer, Mamdani não recua das pautas mais radicais abandonadas pela esquerda no mundo. Fala em aborto, direitos LGBT+, saúde pública, feminismo, luta antirracista, taxação de grandes fortunas, luta feroz contra a polícia imigratória. Na sexta feira que antecedeu a votação, o candidato passou por muitos clubes noturnos de periferia, onde cantou e dançou com DJs e foi ovacionado como um ídolo de rock.
Na Capital do país, Trump segue espumando de raiva e ameaçando a cidade de Nova York de todo tipo de represália caso Mamdani seja eleito, o que deve acontecer a despeito dos estrebuchos do POTUS.
Uma multidão de jovens se registrou para votar em Zohran Mamdani nesse 4 de novembro. Se ganhar, ele estará esticando a corda da esquerda a níveis inéditos em anos recentes. O mundo está de olho e as eleições de 2026 no Brasil têm em Nova York algumas importantes lições a serem apreendidas.





























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