Neymar voltará a usar a 10 que é de Rodrygo?

Ler resumo da notícia
Rodrygo jogou usando a 10 da seleção e atuou como um 10. Mas, durante a transmissão da TV Globo, o narrador Luis Roberto disse que Rodrygo estava usando a 10 que é de Neymar.
É? Pertence a Neymar? Uma espécie de propriedade. Com base em que exatamente se Neymar não indica estar em processo de recuperação física ou técnica? Dizer "a 10 de Pelé" faz sentido, por motivos óbvios. Mas "de Neymar"?
Infelizmente, para Neymar e para os que acreditavam que o craque se recuperaria, a 10 não é mais de Neymar faz tempo. A 10, no amistoso contra o frágil time da Coreia do Sul, caiu bastante bem em Rodrygo. Mas poderia ser de Matheus Pereira, por exemplo. Quem sabe, Oxalá, ainda será.
Depois de se recusar a dar entrevista à GE TV, Neymar foi ao programa de Serginho Groisman, o que indica que tudo está reparado entre o craque e a emissora - como sugeriu o noticiário há alguns dias. A frase "a dez que é de Neymar" entra em cena nesse contexto. Rodrygo estava em campo jogando o fino com essa mesma dez. Mas a dez, percebam, é de Neymar, disse a voz que representa a maior emissora da América Latina. Não "foi" de Neymar. Não "pode voltar a ser de Neymar". É de Neymar. Tempo presente. Uma afirmação, mesmo diante da mais absoluta ausência de materialidade.
Não, Brasil. Não vamos entrar nessa.
O ciclo Ancelotti exige um tipo de disposição física que talvez Neymar não seja capaz de recuperar. Seguir sentenciando que a 10 é dele, sem que nada ao redor seja capaz de argumentar por que a 10 ainda seria dele, é dar alguns passos atrás no trabalho que Ancelotti vem fazendo. Esse tipo de saudosismo (um saudosismo estranho já que durante a era Neymar a seleção brasileira perdeu muito de sua força) não ajuda, não acrescenta, não impulsiona.
Talvez fosse mais produtivo deixar a ideia "Neymar" ir embora. Trata-se de um gênio que um dia fez do futebol seu templo. Foi, para quem o viu jogar no auge, um extraterrestre. Mas há muitos anos já não é mais. Uma seleção que vive a esperar que a 10 volte a ser dele é uma seleção que comunica sentimentos melancólicos. E o Brasil em campo não pode ser sinônimo de melancolia. Ou não deveria.





























Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.