Morte de Juliana deveria expor as contradições de nosso modo de vida
Ler resumo da notícia

Existem drones que carregam bombas com alcance impressionante e precisão admirável. Existem drones que deixam a comida pedida por aplicativo no tapete de boas-vindas que fica bem na porta de entrada da sua casa. Mas não existiram drones capazes de salvar a brasileira Juliana Marins, 26 anos, que caiu na encosta interior de um vulcão da Indonésia. Juliana morreu porque uma série de negligências foram cometidas contra ela, a começar pelo abandono do guia que era responsável por sua segurança durante o percurso da trilha. Ela caiu, não sabemos exatamente como nem por que, e ficou a uma distância relativamente curta para ser resgatada. Mas não foi socorrida de imediato por motivos que ainda desconhecemos. Ficou sem comida, sem água, sem cobertores e, ao que parece, foi despencando mais e mais. Num mundo onde drones entregam de explosivos a refrigerantes nas cabeças e nas mãos das pessoas será que um aparato desse tipo não poderia ter sido usado para mantê-la viva enquanto o resgate se organizava? Por que um parque construído às margens de um vulcão não tem recursos e protocolos para socorrer acidentados?
Governos e autoridades não se mobilizam para pensar na paz, apenas na guerra. Não estamos pensando em como viver melhor, apenas em como matar o que consideramos diferente da gente. Uma sociedade pautada por interesses militares e empresariais, não mais por interesses comuns e de solidariedade. Juliana ficou ali esperando ajuda aos olhos de todos e acabou não resistindo. A comoção que o Brasil está manifestando por ela talvez fale um pouco do que sentimos todas e todos, de certa forma abandonados pelo tecido de solidariedade social que deveria ser colocado a nossa disposição por governos e instituições para facilitar e não para dificultar nossas existências.
Ao que parece, uma série de erros foram cometidos para que Juliana tivesse morrido. Do parque em questão, dos governos e do resgate. Voluntários se uniram para chegar até ela. Chegaram, mas era tarde demais. É realmente muito triste ver uma vida tão jovem e alegre acabar nesses termos. Não precisaria ter sido assim e essa certeza nos revolta e apavora. Que a família encontre paz e possa seguir de alguma forma.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.