Em jogo bizarro, Fluminense nos lembra o que é o futebol: loucura

Ler resumo da notícia
Um jogo maluco, cheio de clímax e anti-clímax para todos os lados. Fluminense contra um time sul-coreano que não é conhecido exatamente por ser bom de bola. E de fato: jogo começa e fica evidente que o Fluminense é muito melhor. Duzentos chutes ao gol coreano, defesas milagrosas do goleiro coreano, pressão tricolor. Um a zero num gol de falta de Arias. Vem goleada certamente. Eu pensava assim. Mas não apenas eu. Eu e a torcida do Fluminense inteira.
Mas não. O time que não conseguia atacar ou trocar dois passes fez dois gols em contra-ataque. Virou. Dois a um.
Em campo, um Fluminense perdido, apavorado, desmontado. Nem parecia o time que começou dominando e se impondo.
Intervalo. Volta o Fluminense ainda mais desnorteado. E os coreanos com chances em contra-ataques. Desespero. Torcida nervosa e vaiando.
Renato mexe. Sai Ganso, entra mais um atacante. Mexida estranha. O time não melhora. Mais mexidas. Vêm Keno e Nonato. O Fluminense começa a trocar passes e acha o empate. Keno mudou tudo. Keno queria jogo. Keno estava maluco.
Dois a dois. E então é aquele momento em que a arquibancada faz o que pode, o que está a seu alcance: cantar "a benção João de Deus".
Vejam. Sou agnóstica. E se tem um Papa que eu honestamente consigo criticar por dias é João Paulo II, o papa-liberal, parceirão de Thatcher e Reagan.
Mas - e esse é um longo mas - o futebol não se explica, apenas se sente. Essa canção, cantada por tricolores na arquibancada sempre que o time mais precisa - faz milagres. E fez. Fez outra vez. Não é sobre um papa; é sobre uma torcida que acredita até o último lance. É sobre fé e não sobre doutrinação. É sobre amor e não sobre podres poderes. Haverá um pesquisador que levantará o número de vezes que a canção funcionou. Ergue essa cabeça. Mete o pé. Vai com fé. Manda essa tristeza embora. O Fluminense virou já no finalzinhio, assim que a torcida começou a cantar para João de Deus, e depois ainda fez mais um. Quatro a dois. Fora o baile de fé e de loucura.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.