Milly Lacombe

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OpiniãoEsporte

Baile argentino teve deboche, troça, roda de bobo e humilhação

O Brasil falou em dar porrada. Dentro e fora de campo. Ganhar na marra. Danem-se os argentinos. Vamos acabar com eles.

E o que se seguiu foi uma festa. Festa com a bola nos pés, com olé desde os sete minutos de jogo, com exuberância tática, com toquinho curto, com roda de bobo, com zombaria e humilhação a cada instante do jogo. Só que a festança foi dos argentinos.

O Brasil, ah, o Brasil. Apequenado, covarde, batendo, perdido, confuso, desmoralizado, minúsculo.

O diálogo juvenil entre Romário e Raphinha às vésperas da partida é um sintoma da doença que acomete a seleção nacional e a masculinidade. Deu munição para a humilhação que passamos? Sem dúvida. Raphinha saiu pequenininho do embate? Certamente.

O que os argentinos fizeram foi coordenado. Roda de bobo durante o jogo, embaixadinhas, risadas, trancos, deboche, olé. Torcida e seleção de mãos dadas. Mas é bom saber que a Argentina ganharia de qualquer modo, com ou sem a entrevista infantilizada feita por Romário com Raphinha dias antes do jogo. Teria evitado o deboche talvez, o que seria obviamente menos vergonhoso para a camisa amarela, mas os vizinhos teriam ganhado facilmente mesmo sem o teatro da masculinidade protagonizado pelo senador e pelo craque.

A menos que refundem nosso futebol, é o que teremos. Não é culpa de Dorival, não foi de Tite, não é desse elenco que fala demais e joga de menos, não é da ausência de Neymar. É de quem pensa o futebol brasileiro e decidiu, entre outras calamidades, acreditar que Dorival era treinador para uma seleção nacional.

Hoje, somos um timinho. E o Monumental colocou essa seleção em seu devido lugar. Assim como o 7 x 1 não foi um acidente, esse Argentina e Brasil também estava sendo planejado há muitos anos. No final, 4 x 1 fora o tango. Sonhou em dar porrada, saiu de bobo.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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