Garro, Sócrates, a camisa 8 e o que determina quem é ídolo de um time
O domingo marca a volta de Garro ao Corinthians. Garro nunca venceu nenhum título com a camisa corintiana, mas vai jogar com a numeração que, nesse clube, é a mais simbólica: a 8 de Sócrates.
Sócrates não foi o jogador que mais empilhou canecos pelo Timão (ele ajudou o time a levantar três Paulistões). Não venceu Brasileiro, nem Libertadores, nem mundial. Mas é, para uma multidão, o ídolo maior que já vestiu esse manto. Ídolo em território nacional e, para muitos amantes do futebol também em território internacional.
Garro entra em campo hoje, 9 de Fevereiro, com a 8 nas costas. Uma camisa que, a meu ver, deveria ser aposentada (com a 10 do Santos e a 10 do Flamengo). Mas, não sendo, que seja usada pelo jogador que melhor representa os valores do clube.
O corintiano e a corintiana não elegem ídolos por títulos conquistados. Elegem por identificação. Sócrates era a personificação dos predicados que esse escudo carrega: justiça social, emancipação econômica, luta por causas de inclusão, coragem, ousadia. Em campo, com sua elegância, levantava a massa na arquibancada usando todo a sua capacidade de transgredir fora de campo para inventar espaços dentro de campo.
Garro veste a camisa do Corinthians passando a impressão de que compreende que há dias em que correr até o último suspiro, nem que seja para desmaiar em campo, é o que basta. Garro não desiste de lances, não cai a toa, não simula, não brinca, não descansa. Para a arquibancada corintiana, basta.
Ídolos não estão necessariamente ligados a taças, a vitórias, ao grito de "é campeão". Eles se associam mais ao respeito e à entrega. O que o torcedor e a torcedora querem ver em campo é alguém que se comporte como ele e ela se comportariam se estivessem lá. Que Garro faça bom uso desse manto tão sagrado. Que, de onde estiver, Sócrates possa se orgulhar de ver a numeração que eternizou ser usada com máxima devoção.
Opinião
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