Voltou a ser uma tristeza a vida do anti-flamenguista
Acabou-se o que era doce. Dois mil e vinte e três foi um ano de glórias. O Flamengo e seu elenco estrelar não ganharam nada e tropeçaram grandiosamente em jogos supostamente fáceis. Alegria-alegria.
Na infância, a gente não aprende apenas a amar um time; a gente aprende a detestar um outro. O que não ensinam - mas deveriam - é que o oposto do amor não é a raiva, mas a indiferença. Quando gastamos nosso tempo secando um rival, a gente indica que se importa com ele - e essa é a verdade indizível.
Zico, Tita, Junior e Adílio me fizeram chorar alguns rios. Lá dentro do meu coração de criança eu não sabia organizar o que sentia. Tristeza, claro, mas também um tico de admiração. Como jogavam bola. Como levantavam a torcida. Trancada no banheiro, eu apenas me entregava ao pranto. Só que a tristeza não estava sozinha dentro de mim - e isso eu levei anos para entender.
Dois mil e vinte quatro deveria ter acabado com um estadualzinho e boa. Mas não. Trouxeram Filipe Luis e tudo foi por água abaixo. Dois títulos. O único time até aqui a levantar duas taças esse ano. Inferno.
Pior é pensar que 2025 promete ser ainda pior. Filipe Luis com tempo para preparar o elenco, implantar sua filosofia, recuperar os anos perdidos.
Enfim. Seguimos. Que alternativa temos? Parar de secar, jamais. De certo mesmo só a certeza de que um dia nós, os secadores, voltaremos a sorrir.
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