Só o amor radical de dom Helder Câmara pode salvar São Paulo
Nesse 27 de agosto faz 25 anos que dom Helder Câmara morreu. Arcebispo de Olinda e Recife, voz ativa contra abusos dos direitos humanos durante toda a sua vida, concorreu quatro vezes ao prêmio Nobel da paz. Dom Helder pregava os princípios mais básicos dos ensinamentos de Cristo e, portanto, tratava de um conceito que talvez seja útil para retomarmos em tempos tão brutos: o do amor radical.
Olhando para o contexto da eleição a prefeito de São Paulo, para a situação dos debates e das agendas, me parece bastante evidente que só o amor radical pode nos tirar disso.
O que seria esse amor radical? Eu diria que o amor é radical quando ele se manifesta em relação aos menos privilegiados. É o amor das ações do padre Julio. O amor de dom Helder. O amor que nos faria votar não pelos nossos interesses, mas pelos interesses das pessoas em situação de rua, das pessoas abandonadas, das pessoas que passam fome. Quem seria o melhor prefeito para essas pessoas? Quem as entregaria dignidade? Quem olharia para elas?
O amor radical faria com que nos enxergássemos enquanto coletivo e não como indivíduos. Um tipo de amor que não personalizaria políticas públicas, não privatizaria a água, o transporte, a saúde. Um tipo de amor que compreenderia a sociedade como um corpo: se um membro é afetado, a totalidade sente.
Sem esse entendimento, corremos o risco de entregar São Paulo ao crime organizado. Ainda mais. De forma mais intrínseca. De forma mais irreversível. É o oposto do amor radical. É o ódio como política pública, o medo como afeto central, o vazio como único horizonte possível.
Nos 25 anos da morte de dom Helder Câmara vale uma oração para que seus ensinamentos sejam apreendidos em nome de uma São Paulo menos hostil e mais solidária.
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