Milly Lacombe

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Ou o PT muda radicalmente ou nos legará um tipo de fascismo jamais visto

Lula subiu a rampa do planalto cercado de minorias políticas. A imagem foi forte e cheia de significado. Estávamos ali com ele. As lésbicas, as trabalhadoras domésticas, as PCDs, as populações originárias, as bichas, as trans. Que soprem os bons ventos.

Nove meses depois, a história já não é bem essa.

Tinha Raoni na rampa, mas o PT apoia com entusiasmo o marco temporal e a exploração do solo da Amazônia.

Tinha negritude, mas o PT colocou voluntariamente no STF um conservador capaz de votos que aumentam e legitimam diretamente a prática do racismo e da LGBTfobia pelo sistema.

Tinha representatividade, mas, ao que parece, não verdade.

E, por 16 anos, tem na Bahia um tipo de necro-gestão de estado.

A polícia que há quase 20 anos está sob o comandado PT na Bahia é a que mais mata no Brasil.

Criticamos Zema, Tarcísio e Leite, mas essa tríade pelo menos é fiel ao que pensa e não se esconde atrás de discursos falsamente belos.

Verdade seja dita, o atual governador da Bahia tem mandado ver em declarações de forte conotação nazi-fascista, pedindo louvores a sua polícia assassina, sugerindo que bandido bom é bandido morto.

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No STF, ficaremos por mais de duas décadas com esse duplo legado apontado por Bolsonaro e Lula: Toffoli, Marques, Mendonça e agora Zanin.

Um quarteto que caberia no elenco de The Handmaid's Tale ou de qualquer outra fábula futurista e terrivelmente religiosa de fim de mundo.

Que Bolsonaro indique para a mais alta corte ultra-conservadores puritanos punitivistas faz bastante sentido. Mas que Lula nos deixe isso de legado é uma história muito mais revoltante.

Tem mais.

Lula, depois de considerar manter Augusto Aras na PGR (o que talvez não se sustente mais dado o que tem sido encontrado pela PF em investigações sobre o 8 de janeiro) agora ensaia acordos com os militares.

Outra vez, parece que deixaremos de lado todos os malfeitos cometidos pelos homens de farda.

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Outra vez, ficam vivas e pulsantes as ameaças de revanche, vingança e autoritarismo que podem, ao apagar das luzes petistas, vir nos assombrar e nos devastar.

Não sabemos o que pode vir depois de Lula e do PT caso esses conchavos oligárquicos e militares sejam mantidos. Mas sabemos o que veio depois das alianças liberais de Dilma e dos acordos em Lula 1 e 2.

Sabemos que ou rompemos de vez com um certo tipo de poder ou ele esperará, paciente, até poder voltar para nos devorar.

Não há nada pior do que Bolsonaro, podem alguns dizer.

Engano. Há sim.

Há o bolsonarismo vestido em roupas finas, sapatos caros e fala mansa. E ele está à espreita, aplaudindo com entusiasmo as ações de um PT que, mais uma vez, tolera o intolerável e se curva ao incurvável.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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