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Milly Lacombe

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Rivalidade com o estádio alheio: uma das mais bobas do futebol

Palmeiras, cheio de craques, perfila para a final do Brasileirão 1993, no Morumbi - DOMICIO PINHEIRO/ESTADÃO CONTEÚDO/AE
Palmeiras, cheio de craques, perfila para a final do Brasileirão 1993, no Morumbi Imagem: DOMICIO PINHEIRO/ESTADÃO CONTEÚDO/AE

Colunista do UOL

04/02/2023 12h10

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Palmeiras e Santos se enfrentam no estádio do São Paulo nesse sábado às 18h30. O Morumbi, tão tricolor, hoje ficará verde e, em acordo de reciprocidade, logo mais a arena palmeirense ficará tricolor.

Mas o acordo entre a presidente do Palmeiras e o do São Paulo não agradou muita gente.

O estádio do rival virou inimigo nessa fase tão abobada do futebol, uma que também fez o drible ser ofensa e clássico ser jogo de uma torcida só.

Quem tem 30 anos ou mais e cresceu em São Paulo nutre familiaridades e memórias afetivas com o Morumbi, único estádio que resistiu (até aqui) e não virou arena.

Era entrar no estádio em dia de clássico e ver a arquibancada dividida, as torcidas cantando uma de frente para a outra.

Não temos mais esse ritual de belezas. Ficou decidido que a violência no futebol é causada por torcidas rivais juntas num mesmo estádio.

Não é, claro que não é. Mas dá trabalho e exige investimentos cuidar do problema de fato. Então agora temos torcida única.

Ir ao estádio do adversário era um ritual cheio de dimensões de afeto. Encontrar, cara a cara, a massa rival era igualmente importante.

Agora somos induzidos a frequentar apenas aqueles que vestem exatamente as nossas cores.

Muita coisa mudou para melhor no futebol, mas algumas andaram para trás.

Tudo em nome de coibir uma violência que não tem nada a ver com bandeiras, mistura de torcidas, sinalizadores, visitar o estádio do rival.

Era bacana a época em que todos e todas frequentávamos o Morumbi, um estádio lindo, imponente, comovente.

Vai ser bacana ver o vermelho, branco e preto ser, por algumas horas tingido de verde.

Estão certas Leila Pereira e Julio Casares de fazerem o acordo.

Melhor ainda vai ser quando essa triste história de torcida única acabar.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL