Ana Moser e o sonho de um Brasil que corra, salte e transpire por amor

Em entrevista ao UOL na manhã dessa terça-feira 10 de janeiro, a ministra dos esportes, Ana Moser, falou de modo comovente sobre o que o esporte significa para ela: felicidade. Essa felicidade ela quer tornar acessível a toda a população brasileira - e por essa inclusão ela trabalhará.

A ministra também falou sobre como, pela primeira vez, se sente segura e confortável para abordar livremente sua sexualidade.

Casada há mais de 20 anos com uma mulher, Moser explicou que foi na cerimônia de posse como ministra que se viu inserida como um casal recebendo o tratamento de "senhora e senhora".

Ela contou que nunca atuou diretamente como ativista da causa LGBTQIA+ porque vive a causa no dia-a-dia há mais de duas décadas.

Em declaração tão emocionada quanto emocionante, falou a Fabíola Cidral sobre como se sente acolhida e respeitada em sua orientação sexual pela nova administração federal.

As palavras da ministra, e a coragem de se abrir, talvez marquem de modo bastante simbólico a mudança que veremos nesse país.

Imagens como a que mostra quatro lideranças de torcidas organizadas confraternizando em frente ao MASP, em São Paulo, durante manifestação a favor da democracia dialogam com a imagem de Lula descendo a rampa do Planalto de braços dados com ministros e governadores.

O sonho de um país em que diferenças encontrem espaço de troca, de um país que valorize o esporte como veículo construtor de subjetividades, de um país no qual jovens e velhos possam se exercitar de forma gratuita em parques, praças e centros comunitários.

O sonho de um país em que torcedores rivais se percebam no que têm em comum, seja o amor por um esporte ou pela democracia.

O caminho é longo, mas, como ensina Ailton Krenak, quando estamos diante de um deserto só nos resta atravessá-lo.

Com Ana Moser nos Esportes e um corpo ministerial representativo, essa travessia será menos penosa.