Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
O que o silêncio de Bolsonaro diz
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Jair Bolsonaro calou. Depois de décadas vomitando todo tipo de atrocidade, o homem silenciou. Desde a derrota para Lula não se escuta um pio da boca do futuro ex-presidente.
Mas há silêncios e silêncios.
Há um tipo de silêncio introspectivo que busca conhecimento e há a frouxidão do silêncio dos covardes.
O de Bolsonaro faz parte do último.
Não é um silêncio vazio de comunicação. Pelo contrário. O silêncio de Bolsonaro diz muitas coisas.
Diz, por exemplo, que ele não se importa com os recentes e assustadores atos terroristas abortados pela Polícia Civil em Brasília.
Ao não se importar, silenciosamente encoraja seu time de fanáticos a seguir com os planos traçados, quaisquer que sejam eles.
Historicamente, o silêncio do líder é bastante fundamental no fascismo.
É através desse silêncio que as milícias civis se movimentam, traçam rotas, decifram mensagens e, a partir da leitura que se sentem livres para fazer, cometem atrocidades sem que o líder possa ser diretamente responsabilizado por isso.
O silêncio é parte da estratégia nazifascista.
Seria simples Bolsonaro dizer alguma coisa como "Não aprovo nenhum ato terrorista, não aprovo delinquências cometidas em meu nome. Reconheço a derrota na eleição e, em nome da continuidade democrática, desejo sorte a meu sucessor".
Mas desde a derrota Bolsonaro não diz nada parecido.
Nem mesmo a derrota ele assumiu. Não telefonou ao vencedor, como manda o ritual da democracia.
Ele cala e, ao calar, autoriza a barbárie.
Será responsabilizado por tudo o que fez. Investigado, processado, condenado.
E esse silêncio conveniente vai ser colocado em seu devido lugar e reconhecido pelo que ele é: autorização para que atos antidemocráticos de todo o tipo sigam acontecendo.
Se nos próximos dias testemunharmos o pior, estará na conta desse que sai da presidência como o pior e mais cruel mandatário de todos os tempos.
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