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Milly Lacombe

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

"Eu só poderia acreditar num Deus que soubesse dançar"

Jogadores do Brasil fazem dancinha após gol de Vini Jr. sobre a Coreia do Sul - Michael Steele/Getty Images
Jogadores do Brasil fazem dancinha após gol de Vini Jr. sobre a Coreia do Sul Imagem: Michael Steele/Getty Images

Colunista do UOL

05/12/2022 18h14

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Na TV inglesa, o ex jogador Roy Keane não gostou de ver os jogadores brasileiros dançando em comemoração aos gols contra a Coreia.

Achou desrespeitoso especialmente ver Tite dançar.

Eu diria que desrespeito talvez seja não dançar um momento como o do gol, my dear mr. Keane.

Em seu famoso "Assim Falava Zaratustra", o alemão Friederich Nietzsche disse que só acreditaria num Deus que soubesse dançar.

Nós também aqui nessa terra acreditamos em deuses dançantes, mister.

Deuses dançam e sorriem; quem não dança nem sorri é o diabo.

O trecho da clássica obra:

"É verdade: amamos a vida não porque estejamos habituados à vida, mas ao amor.

Há sempre o seu quê de loucura no amor; mas também há sempre o seu quê de razão na loucura.

E eu, que estou bem com a vida, creio que para saber de felicidade não há como as borboletas e as bolhas de sabão, e o que se lhes assemelhe entre os homens.

Ver revolutear essas almas aladas e loucas, encantadoras e buliçosas, é o que arranca a Zaratustra lágrimas e canções.

Eu só poderia crer num Deus que soubesse dançar.

E quando vi o meu demônio, pareceu-me sério, grave, profundo e solene: era o espírito do pesadelo. Por ele caem todas as coisas.

Não é com cólera, mas com riso que se mata. Adiante! matemos o espírito do pesadelo!

Eu aprendi a andar; por conseguinte corro. Eu aprendi a voar; por conseguinte não quero que me empurrem para mudar de sítio.

Agora sou leve, agora voo; agora vejo por baixo de mim mesmo, agora salta em mim um Deus".

Assim falava Zaratustra"