Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
O machismo em Bonner, Renata e Tebet
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O machismo foi o protagonista, o organizador e o articulador da entrevista que o Jornal Nacional fez com a candidata à presidência Simone Tebet.
Nos entrevistadores, o machismo esteve presente na pauta por eles elaborada; pauta que achou de bom tom questionar a candidata diretamente sobre políticas de gênero e o papel das mulheres em seu eventual governo.
As perguntas sobre o tema não foram feitas aos candidatos homens - embora devessem - e incluí-las na entrevista feita à única candidata mulher é um tipo de machismo perverso: ele culpa a vítima por sua exclusão.
Mas o machismo não é uma força que vem dos céus e que invade apenas corpos masculinos. O machismo é uma estrutura de poder que está em todos nós. E ele não faltou em Tebet.
Primeiro, ao falar do "coração de mãe" como sendo um tipo de coração capaz de amar um amor diferente.
Não é assim que as coisas são.
Mães não amam diferente, nem fazem o que fazem apenas por amor. Sugerir que mães amam diferente é poupar os pais de boa parte do trabalho que envolve a criação de um ser humano.
A entrega e a dedicação de uma mãe é trabalho, e fazer com quem acreditemos que chegamos ao mundo com o chip da maternidade e que suportamos por amor todos o trabalho ligado a ela é machismo.
Um tipo de machismo sobre o qual se ergue toda a sociedade e suas riquezas.
Aquele que conta com a invisibilidade e com a não remuneração desse trabalho para seguir reproduzindo a força produtiva.
Simone Tebet foi também machista ao se auto-celebrar como mulher e candidata mas não falar de Dilma Rousseff, a primeira mulher a chegar à presidência que ela agora deseja.
Invisibilizar as conquistas das mulheres é uma ferramenta do machismo.
O machismo está também em Simone quando ela diz que sua equipe será formada por economistas liberais.
As políticas liberais - essas de Paulo Guedes - são extremamente perversas com todos os corpos que formam a base periférica da sociedade brasileira: mulheres, negros, LGBTQs.
Reformas como a trabalhista e a da previdência, da maneira como foram pensadas, excluem, oprimem e empobrecem ainda mais todos esses grupos.
As sabatinas feitas pelo Jornal Nacional são importantes do ponto de vista jornalístico pelo alcance que a emissora e o programa têm. Mas, infelizmente, as pautas acabaram reforçando preconceitos e o formato engessado e pouco interativo não foi capaz de permitir mudanças de rota nem checagens imediatas das mentiras ditas por Jair Bolsonaro.
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