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Milly Lacombe

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Globo vai à Copa desfalcada de seu jogador mais criativo

Colunista do UOL

06/07/2022 16h02

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O comentarista Walter Casagrande anunciou via redes sociais que a partir desse 5 de julho não trabalha mais na Globo. "Um alívio para os dois lados" disse ele no comunicado feito via Instagram.

Foram 25 anos e seis Copas do Mundo atuando como comentarista.

É uma pena que alguém como ele, que se posiciona sobre todas as questões ligadas ao jogo e à vida, deixe de fazer parte do quadro de comentaristas em ano tão importante e tenso de nossas existências.

Copa do Mundo, eleições, país rachado e afundado em crises sociais, Casão era o comentarista que entrava livre e criativamente na área relacionando o futebol à sociedade em que vivemos.

Goste-se ou não de seus comentários - nenhum ou nenhuma comentarista pode agradar todo mundo - ele era o cara que mais irreverentemente se colocava, sempre lembrando a gente que o jogo não pode ser maior do que a própria vida.

A saída de Casão, como escreveu Cristina Padiglione em sua coluna, "aponta para uma transmissão [da Copa] mais interessada no ufanismo que atrai a audiência do que na objetividade técnica que não canta vitória antes da hora e preza pela crítica necessária".

É uma pena que Casão tenha optado por deixar a emissora em ano de Copa e de eleição.

Com a saída dele, ganha a uniformização e a platitude dos comentários, ganha a turma que acredita que política e futebol podem se separar, ganha o pachequismo.

Com a saída dele, perde o futebol em sua qualidade mais profunda e perdemos nós que acreditamos que esse jogo é muito mais do que tática, técnica, estratégia, estatísticas, planilhas e piadas e brincadeiras infantilizadas.