Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Como o Botafogo pode revolucionar as SAF
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Quem me acompanha sabe que não gosto da ideia de transformar clube em empresa. Argumento que quando a única lógica possível para organizar nossas vidas é a empresarial - que infecta não apenas negócios, mas também escolas, hospitais, Igrejas, governos e nossas próprias existências - estamos diante de uma espécie de totalitarismo.
Há estruturas de uma sociedade que não podem fazer parte de metodologias de corporação.
Futebol é uma delas. Futebol não é negócio. Futebol é instituição e deveria ser assim tratada.
Mas talvez o Botafogo de John Textor tenha potencial para fazer uma SAF escapar da concretude objetiva e sem vida de uma empresa.
Diante da vitória sobre o Fortaleza, no Nilton Santos, Textor se mostrou absolutamente chacoalhado. É raro ver um "gestor" chorar e se derreter em paixão por um time. É bastante possível que o proprietário do Botafogo esteja colocando em ordem dentro de si o que é um time de futebol no Brasil e qual o valor de uma torcida como a que ele tem para chamar de minha.
Talvez aquele que poderia ser chamado de novo dono da estrela solitária perceba que o Botafogo pertence de verdade à massa botafoguense e não a ele, por mais que um contrato ateste o contrário e por mais riqueza que ele possa possuir. E que é para essa torcida que ele precisa se colocar em posição de prece, fazer reverências e deferências.
Se isso acontecer, se Texter se deixar guiar pela luz da paixão mais do que pela lógica da razão empresarial, talvez nasça com o Botafogo uma nova possibilidade de administração de um clube de futebol.
No momento em que o empresário estadunidense entender que o Botafogo não é um time, mas um estado de espírito, tudo passa a ser possível.
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