Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Gerson é o cara
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Segundo tempo da estreia do Flamengo na Libertadores na vitória contra o Velez. Isla recupera uma bola e sai jogando pela direita. Vê Gerson livre na intermediária e faz o passe. Gerson, de costas para Diego, que estava um pouco mais avançado, deixa a bola passar com uma displicência que chega a dar raiva de tão elegante. Diego, ainda mais livre do que ele, arranca com a bola.
Parece um lance pequeno e desprezível, mas não é. Gerson foi o dono do jogo. Esteve bem mesmo quando o time estava mal (especialmente no primeiro tempo). Desarmou, criou, deu passes que deixaram colegas de trabalho na cara do gol. Foi um monstro. Um monstro silencioso, um monstro que joga sem fazer estardalhaço. Defini-lo como volante não faz justiça a todos os papeis que ele interpreta numa partida.
O Flamengo de Gerson é um time que joga e deixa jogar, e essa segunda parte enfurece o torcedor flamenguista. Quem sou eu para desafiar o torcedor? Mas, se posso dar um pitaco, prefiro isso do que um time que não deixa o outro jogar e tampouco joga. Claro que esse Flamengo organizado por Ceni tem problemas com bola parada e toca umas notas desafinadas na defesa, mas é um time com pulsão de gol e que não abaixa a cabeça. Se por um lado causa fortes emoções ao torcedor, por outro encanta aqueles que não veem o jogo com preferência de resultados e assistem apenas por amor à arte.
O Flamengo é um timaço, e dizer isso é constatar o óbvio. Gabigol, Arrascaeta, Bruno Henrique, Felipe Luis, Willian Arão, Diego, Diego Alves, Pedro? tem para todos os gostos, para todas as táticas e estratégias. Mas se me pedissem para escolher apenas um, eu ficaria com a elegância, a inteligência e a categoria de Gerson.
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