Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Dizer que futebol serve de distração na pandemia é chamar público de idiota
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Leio no Blog do Marcel Rizzo que a Globo pensa em exibir jogos do Paulistão nas noites de sábado se o Ministério Público acatar proposta da Federação Paulista de Futebol.
Deixemos de lado o fato de o futebol seguir sendo jogado mesmo com o agravamento da pandemia e vamos falar de outra coisa. Rizzo diz que a ideia da nova grade é endurecer a concorrência com Record e Band, emissoras que investiram pesado no esporte em 2021.
Assim, com a mudança, você e eu teríamos que escolher o que ver, já que haveria jogos do Paulista e do Carioca no mesmo horário na Record e na Globo por exemplo. E no domingo pela manhã, dia de F1, o Esporte Espetacular endureceria o páreo fazendo uma consolidada da rodada.
Sabendo disso, quando jogarem à mesa o argumento para que o futebol siga sendo jogado mesmo diante do agravamento da pandemia for o de que as pessoas estão precisando de uma distração você pode dizer que não é idiota. O futebol não está mais aqui para ser entretenimento. Ele é negócio, e precisa seguir sendo distribuído porque há contratos com patrocinadores. O que está em disputa é a nossa atenção, a nossa audiência. Nós somos o produto que está sendo vendido e negociado entre federações, clubes e TVs.
Se o foco fosse o nosso bem-estar a nova grade distribuiria os jogos de modo que acabando um pudéssemos mudar de canal e ver o outro.
Se o foco fosse o nosso bem-estar teriam liberado os canais por assinatura e o Pay Per View. Estaríamos isolados em nossas casas (aqueles que podem se dar ao luxo de fazer isso) tendo o futebol como companhia, como distração, como ferramenta de algum amparo social. Antes e durante os jogos seríamos informados e informadas sobre precauções em relação à saúde, sobre o correto uso de máscaras, sobre distanciamento, sobre isolamento, sobre a importância da vacinação.
Mas esse não é o futebol brasileiro hoje. O futebol brasileiro, representado pela CBF, pelas Federações e pelos clubes cujas cores a gente ama é um negócio como qualquer outro: visa o lucro em detrimento do bem comum se assim tiver que ser.
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