Argentina vê mercado da bola do Brasil como chave, mas calotes assustam
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Dirigentes e agentes argentinos destacam oportunidades de vender jogadores ao Brasil, mas alertam para problemas recorrentes nos pagamentos
O Brasil se consolidou, sem dúvidas, como a principal liga das Américas. Não é apenas a Federação Internacional de História e Estatística do Futebol (IFFHS) que confirma isso em seu último levantamento. A própria Argentina, rival histórica, também reconhece a importância de manter boas relações comerciais na hora de negociar.
Essa percepção aparece nos depoimentos de dirigentes e empresários argentinos, que conversaram com exclusividade com o UOL sobre a relação com o mercado brasileiro.
Mercado muito importante, mas com falhas de pagamento
O Argentinos Juniors vendeu José Herrera ao Fortaleza (US$ 3,1 milhões por 70%) e Alan Rodríguez ao Inter (US$ 5 milhões por 80%) no último mercado. O presidente do clube, Cristian Malaspina, explicou como enxerga a conexão Brasil-Argentina.
Classificação e jogos
"É um mercado muito importante, que está de olho nos jogadores dos nossos clubes. Eles têm muitas vantagens pelo poder econômico, mas o histórico de pagamento é muito ruim: tivemos problemas com o Corinthians por Fausto Vera, com o Santos por Gabriel Carabajal e agora o Atlético-MG está atrasado com Vera", afirmou.
Por isso, Malaspina defende cuidados extras: "Com o Inter, nos saímos muito bem porque um fundo de investimento pagou a transferência e, além disso, nos cederam dívidas de outros clubes que nos davam segurança".
Reconhecido por revelar talentos nas divisões de base, o Argentinos Juniors mantém uma estratégia clara quando negocia com o Brasil.
"Quando vendemos para o Brasil, tentamos ficar com um percentual porque, na segunda negociação, costuma ser vantajoso. Eles revendem por cifras altas", disse Malaspina.
Poderio econômico em comparação com a Europa
O empresário Juan Cruz Oller, representante de Alexander Barboza, do Botafogo, e Alexandro Bernabei, do Inter, também destacou a força financeira dos brasileiros.
"Barboza tinha uma proposta do Anderlecht, mas a do Botafogo era amplamente superior. Bernabei saiu do Celtic para o Inter, que pagou 30% a mais do que os escoceses haviam desembolsado quando o compraram do Lanús", afirmou.
Para ele, cerca de 80% dos clubes brasileiros cumprem os pagamentos. E vê um diferencial competitivo: "Com tantas competições, o atleta soma minutos que não consegue nem na Europa nem na Argentina. Esses minutos valorizam o jogador, constroem currículo e, em caso de uma futura venda, aumentam seu valor de mercado".
Oller ressaltou ainda que o volume de vendas do Brasil não compromete a qualidade do elenco. "Quando vende, traz jogadores de ligas tops da Europa. E eles não precisam se apressar para negociar, porque recebem muito dinheiro da televisão. Não seguram jogadores por capricho, mas porque podem e têm capacidade de pagar para que fiquem. O Palmeiras faz isso há bastante tempo e oferece espetáculo de alto nível."
O caso de Flaco López e o paradigma que gerou o Lanús
Um dos exemplos recentes foi a venda de José "Flaco" López do Lanús ao Palmeiras, por US$ 10 milhões por 70% dos direitos. A operação foi considerada histórica.
"Desde que o Ibagaza foi para o Mallorca (1998), não ficávamos com um percentual pensando em uma futura transferência", disse um dos dirigentes do Lanús, que pediu anonimato.
Ele vê no Palmeiras um parceiro confiável: "Eu percebia que o Brasil estava crescendo muito e que, nas operações deles, não há jogadores como parte de pagamento, o que poderia reduzir o valor de uma segunda venda. Alguns clubes brasileiros não são bons pagadores, mas o Palmeiras cumpre com os requisitos de ser um bom sócio para qualquer um".





























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