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Marluci Martins

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

A falta de educação que assola o futebol brasileiro

01/11/2021 12h32

Arruaceiro. Baderneiro. Bandido. Criminoso. Delinquente. Infrator. Marginal. Selvagem. Truculento. Vândalo. Pode-se dar qualquer um desses nomes, menos o de torcedor, a quem protagonizou as cenas de depredação na Arena, na derrota do Grêmio para o Palmeiras, no último domingo. Há muitos outros nomes: cafajeste, canalha, inconsequente, vil. Tudo, menos torcedor. Pode-se chamar também de burros os valentões que estufaram peito e bíceps na vergonhosa selvageria, sem calcular a possibilidade de o time ser punido com a perda de mandos de campo.

São desavergonhados. Tomam café no dia seguinte assistindo, com a cara deslavada, aos seus segundos de fama no noticiário esportivo da televisão. E não vá se espantar se aparecer em vídeo um ou outro desses marginais conclamando a guerra na bolha da sua rede antissocial. Já vimos há menos de dois meses uma facção vascaína invadir São Januário com celulares em punho e a transmissão ao vivo da baderna. Ainda estão soltos? É a tecnologia a serviço da esculhambação.

A falta de educação não tem time nem divisão. Na Série B do Brasileiro, os copos atirados na derrota do Vasco para o CSA, na sexta-feira, sobrevoaram a cabeça do Fernando Diniz, um oásis naquele deserto de talentos em que se transformou São Januário. Qual é a culpa do treinador? Ele organizou o bando que vestia a camisa do Vasco e, ainda que fosse o responsável por toda essa fase mambembe do clube - que não vem deste ano - Diniz teria de tomar uma copada na cabeça?

Fica difícil exigir um comportamento sociável do torcedor com os exemplos reles vindos de quem deveria ser espelho no futebol. Que cena ridícula aquela do Cuca, exaltado, no acesso aos vestiários, após a derrota do Galo para o Flamengo, no último sábado. Botou dedo na cara do funcionário do Maracanã, cheio de valentia, pagando mico diante da câmera do circuito interno do estádio. Não serviu para abrir a mente do líder do Campeonato Brasileiro o histórico de conflitos no currículo, um deles na China, em 2015, quando brigou com o bandeirinha, ganhou um corte no supercílio e sete meses de suspensão.

Cuca não aprende. Ele é também produto de um meio norteado no Brasil por uma entidade às voltas com denúncias que vão desde roubo de medalha a denúncias de corrupção, assédio sexual e moral. É compreensível, mas não deixa de ser revoltante, que o filho do técnico da seleção brasileira dedique parte do seu tempo de vida a curtir posts homofóbicos nas redes sociais. Mas esse aí, cujo nome esqueci, desaparecerá do futebol sem nunca ter sido notado, a não ser pelo fato de demonstrar simpatia por causas abomináveis e cruéis.