Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Marília Ruiz: Vamos desdenhar do problema do Neymar?
Neymar diz que não está feliz. Neymar diz que talvez não tenha força mental para seguir na seleção depois da Copa de 2022. Neymar suplica o reconhecimento, o carinho, os likes e os retweets de vocês. Neymar está nas manchetes mais pelo que diz - e menos pelo que tem jogado.
E ainda assim desdenhamos do Neymar.
Por quê?
Pobre menino rico...
Neymar, melhor jogador brasileiro surgido neste século, é maior fora dos gramados do que dentro dele: a coleção de troféus é que deveria ser maior, não?
A resposta não é tão óbvia. Será que ser feliz (para ele) está no futebol? Está na competição? Está na volta olímpica? Quem se esquece do desabafo pós-ouro no Rio?
Até por ser mais carismático (e campeão do mundo; frise-se), Ronaldinho Gaúcho conta com uma legião de fãs que entendem que ele achou a felicidade em uma carreira curta, fulminante e vencedora. Por ser mais transparente com seus problemas extracampo, Adriano também ganha mais "carinho".
O que acontece com Neymar? Há mais de dez anos debatemos mais o personagem do que o jogador. A coleção da S/A Neymar (jatinho, helicóptero, mansões, pôquer, propagandas e escândalos) ganha da coleção do craque.
Antes era a obsessão por ser o melhor do mundo. Agora é uma angústia quase palpável por ter que jogar.
Ao mesmo tempo que se deseja que Neymar possa cuidar dele próprio, é dever de Tite cuidar da seleção brasileira.
O efeito negativo dos problemas do Neymar foi evidente na Copa de 2014 e de 2018.
A contusão dele no Mundial do Brasil acentuou ainda mais o (des)equilíbrio emocional de um time incapaz de lidar com pressão. Em 2018, o efeito cai-cai que virou meme mundial, deixou o Brasil com um craque blindado, tratado como bibelô e que, adulto então aos 26, não respondia nem as perguntas dirigidas a ele.
Se é difícil ser Neymar, ele precisa de ajuda profissional (não de palminhas virtuais dos parças).
Se é difícil sem Neymar, a seleção precisa trabalhar no ano que falta até a Copa do Catar para não pagar o preço por desdenhar do que está mais do que óbvio.
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