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Marília Ruiz

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Direto dos EUA: Homens (americanos) também choram

Caeleb Dressel, nadador dos Estados Unidos - Adam Davy/PA Images via Getty Images
Caeleb Dressel, nadador dos Estados Unidos Imagem: Adam Davy/PA Images via Getty Images

01/08/2021 13h13

Uma pandemia de emoções, como declarou o apresentador da TV americana com os direitos de transmissão da Olimpíada aqui nos EUA.

O choro incontido do super Caeleb Dressel ao ser colocado em link ao vivo com a sua família reunida em Orlando (Flórida) para testemunhar mais uma medalha da estrela americana dos Jogos ganhou as manchetes tanto quanto seus feitos em Tóquio.

Com apresentadores perplexos, muitas vezes sem adjetivos que não sejam repetitivos, os norte-americanos estão aprendendo a lidar com a postura quase "latina" dos seus. Como telespectadora e leitora aqui, é curioso atestar o constrangimento causado pelas lágrimas de marmanjos altos, fortes e vencedores.

Nos Jogos marcados pela importante postura de Simone Biles pela preservação da sua saúde mental, os quase sempre "fechados" americanos (para o nosso padrão de abraços, beijos, melhores amigos em 15 minutos e poropopó no estádio com desconhecidos amados) estão aprendendo a testemunhar lágrimas de alegria em profusão em substituição dos tapas nos dorsos e urros de Tarzan típicos das vitórias da Michael Phelps, por exemplo.

Mary Castillo, ex-tenista ganhadora de Grand Slam que atua como comentarista da NBC, disse que a Olimpíada japonesa é a competição mais "sentimental" que ela já testemunhou. Atleta que correu o circuito profissional de tênis na década de 1970, ela há anos atua como comentarista e está de novo in loco em Tóquio entrevistando atletas.

Os estádios vazios, a tensão provocada pelo adiamento dos Jogos, os atletas mascarados e os protocolos foram colocados como razões até óbvias para o "estado de espírito" dos competidores estarem alterados. Análise bastante lógica e até esperada.

O que os americanos não esperam é que homens (americanos) também choram. Choram bastante.