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Marília Ruiz

REPORTAGEM

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Marília Ruiz: Exclusivo, Júlio Casares fala dos 6 meses no SPFC

Julio Casares, presidente do São Paulo - Rubens Chiri / saopaulofc.net
Julio Casares, presidente do São Paulo Imagem: Rubens Chiri / saopaulofc.net

30/06/2021 15h13

Muitos cabelos brancos e fim da fila da títulos.

Resumindo assim seus primeiros 180 dias à frente do São Paulo, Júlio Casares falou em entrevista exclusiva ao BLOG sobre temas que permearam o começo da sua administração.

Da polêmica liberação de Daniel Alves para a seleção olímpica à emoção da conquista do Paulista; da dificuldade "calculada" no início do Brasileiro à iminente venda de um jogador; da política são-paulina e da Liga dos clubes.

Abaixo os principais trechos da conversa feita hoje de manhã - da qual também se tratou do adiamento da votação que pode determinar a perda do mandato do hoje oposicionista Marco Aurélio Cunha (link: Casares e Cunha falam sobre adiamento da votação de perda de mandato no Conselho)

Marília Ruiz: Qual o balanço desses primeiros 6 meses como presidente do SPFC?

Júlio Casares: Mais cabelos brancos, menos qualidade de vida, mas a satisfação de já ter comemorado um título. Avançamos muito também nas questões das dívidas de curto prazo e conseguimos um respiro. Com a credibilidade, conseguimos crédito para, por exemplo, não ter nenhuma dívida com o elenco no ano de 2021. Não há atraso de salários, direitos de imagem ou prêmios. A dívida que herdamos não foi paga, mas será. Temos um acordo com o elenco de um fundo para onde entra sempre uma porcentagem dos recebidos do São Paulo. Isso deixou os jogadores satisfeitos.

MR: Jogadores satisfeitos, mas e a torcida? Eu fui uma das críticas do vídeo que o SPFC postou no dia da convocação do Daniel Alves para os Jogos de Tóquio. Muitas vezes há uma desconexão entres os sonhos dos atletas e os dos torcedores. Pergunto: o SPFC foi sondado sobre a convocação antes do anúncio oficial?; o jogador pediu para ser liberado?; a dívida que o São Paulo tem com o jogador de alguma forma influenciou na liberação?

JC: O São Paulo não foi sondado pela CBF nem pelo Jardine. A dívida existe, mas ela não entra nas decisões em relação à escalação ou liberação do jogador. O Daniel é um jogador muito importante e contribuiu muito na campanha do título Paulista. Ele deixou em conversas anteriores que, se viesse uma convocação, ele gostaria de ser liberado. Eu acredito que a palavra "vetado" nunca é boa numa relação com o elenco. Descontentar um jogador não agrega resultado e ainda pode piorar a relação e o ambiente com o grupo - ambos são ótimos.

MR: Em relação à relação do clube com a CBF, qual é a posição do São Paulo em relação à crise da CBF e do ao afastamento temporário de Rogério Caboclo?

JC: Tratamos com cuidado, atenção aos desdobramentos, mas ainda não há como se posicionar oficialmente.

MR: E em relação à Liga dos Clubes?

JC: Estou muito otimista com a união dos clubes dessa vez. Estamos caminhando bem. Já passei como dirigentes de outras tentativas desse tipo, mas vejo agora um amadurecimento dos dirigentes. Os clubes precisam ter mais peso nas decisões de seus próprios interesses.

MR: Voltando ao futebol, o São Paulo sofre neste início de Brasileiro-21 com muitas lesões. O que o departamento médico do clube lhe repassou?

JC: O time deu uma caída pelo esgotamento físico do Paulista. Acompanhamos e temos relatórios técnicos apontando que muitos atletas estavam perto dos limites. Sem pré-temporada, com jogos do Estadual a cada dois dias, essa situação foi de exaustão. A conta chegou pelo esforço e pela concentração de todos em busca do esperado título que encerrou a fila. Agora é claro que é um azar termos as contusões simultâneas.

MR: E ainda pode perder jogadores agora na janela de transferências...

JC: Ainda não há nenhuma proposta oficial na minha mesa. Mas é inevitável para terminamos 2021 mais equilibrados e podermos projetar um 2022 melhor.

MR: O que representou o fim da fila no começo do seu mandato?

JC: Foi a premiação de um plano bem feito de reestruturação da Barra Funda. Assumimos o clube em janeiro ainda líder do Brasileiro, mas sabíamos que precisávamos mudar. Trouxemos o Muricy (Ramalho), o Rui Costa, uma bela comissão técnica estrangeira. A conquista mostrou o quanto isso era necessário.

MR: E sobre o resto desse primeiro ano na presidência?

JC: Nossas melhores apostas têm a ver com a possibilidade de público nos estádios com a conclusão da vacinação no Estado de SP. Isso vai nos ajudar a retomar com força o novo projeto de sócio-torcedor.