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Marília Ruiz

REPORTAGEM

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Em entrevista exclusiva, presidente da FPF fala de um novo Paulista

A colunista Marília Ruiz e Reinaldo Carneiro Bastos, presidente da FPF - Arquivo pessoal
A colunista Marília Ruiz e Reinaldo Carneiro Bastos, presidente da FPF Imagem: Arquivo pessoal

26/05/2021 17h03

O São Paulo pode ter sido o último campeão do Paulista que conhecemos até aqui.

Em entrevista exclusiva ao BLOG, o presidente da FPF falou das ideias para as próximas versões do Estadual: "Temos que ter essa conversa, pensar um jeito manter emoção, manter a visibilidade, aumentar a remuneração e o público médio nos estádios quando pudermos. Existe chance de mudança fórmula. Mas existe limitadores: 16 datas, clássicos e grandes jogando no interior do Estado."

Em conversa franca de quase 40 minutos, Reinaldo Carneiro Bastos também rebateu críticas à fórmula de disputa deste ano, admitiu negociações com novos e múltiplos parceiros para transmissões das novas edições, comentou, com embaraço, a atual crise na cúpula da CBF e a dificuldade financeira provocada pela pandemia do novo coronavírus.

Abaixo trechos da entrevista exclusiva.

Um link com a íntegra da conversa, sem cortes, será postado aqui tão logo a edição esteja pronta. A entrevista também será veiculada na programação do Bandsports.

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MARÍLIA RUIZ: Qual o balanço do Paulista-21?

Reinado Carneiro Bastos: Fizemos a nossa parte e cumprimos a nossa obrigação. Foi muito difícil, Marília. Muito difícil. Estou muito orgulhoso dos nossos times, dirigentes, comissões técnicas e atletas. Eles entenderam, abraçaram a ideia, todos se sacrificaram. Nunca imaginei ter de fazer um campeonato com jogos a cada 48 horas. Nós fizemos com dignidade e entregamos um campeonato, dentro das circunstâncias, emocionante. Não teve arrependimento: teve determinação de entrega o campeonato. Entregamos da forma que foi possível. E entregamos na data prevista.

MR: Em algum momento o senhor se arrepende de ter levado jogos para fora do Estado de SP? Como está a negociação dos respiradores para Volta Redonda (RJ), contrapartida para realização de dois jogos do Paulista-21?

RCB: A regra daquele momento (março) era que não podíamos jogar dentro do Estado de São Paulo, por isso negociamos algumas situações. Não houve nenhum problema com o Governo de SP ou com o Centro de Contingência. Nem ficou nenhuma rusga depois disso. Não sei se hoje faríamos a mesma coisa. Mas não havia uma data prevista de retorno. Era tudo muito vago, e você sabe, Marília, que o futebol é muito ansioso. E nós fizemos... O importante foi resultado final. Sobre os respiradores, houve um contratempo com a primeira compra dos 10 respiradores. Precisamos rever isso. Quando os equipamentos chegaram lá, não serviram. Devolvemos os equipamentos, já compramos novos e devem ser entregues quinta ou sexta-feira em Volta Redonda. Foi ruim porque a gente queria entregar com mais agilidade. Mas não é nossa especialidade comprar respirador.

MR: A justificativa dos "contratos" não serve para daqui para frente. Com o fim do principal contrato do Paulista, o de direitos de transmissão, quais os planos para as próximas edições do campeonato? Há chances de mudanças de fórmulas de disputas, com os grandes, por exemplo, entrando em fases distintas?

RCB: Sabemos que temos 16 datas em 2022, o calendário será divulgado nos próximos meses pela CBF, a competição terá que ter atrativos, clássicos, grandes na capital e no interior, estamos há mais de três anos contratamos a empresa Live Mode que tem estudado formatos e produtos para serem vendidos em pacotes. É uma empresa que será remunerada com 20% do que ela se conseguir a mais do contrato atual. Temos players novos, novas plataformas. A fórmula de disputa será discutida com os clubes. Há sugestões de mudanças. Isso será uma conversa com os clubes para mostrar o que precisa ser feto para manter emoção, manter a visibilidade, aumentar a remuneração e o público médio nos estádios quando pudermos. Existe, sim, chance de mudanças. Mas existe limitadores: 16 datas, clássicos e grandes jogando no interior do Estado.

MR: Qual a posição da FPF sobre os projetos que envolvem o futebol que tramitam no Congresso: direito de arena, direito do mandante, S.As...

RCB: Futebol precisa de sossego. Deixem a gente em paz. Não tem investidor que coloque dinheiro em alguma coisa que muda toda hora. O que gera receita para os clubes é a negociação coletiva. Não há liga grande no mundo que tenha negociação individual. O futebol precisa de estabilidade.

MR: Apesar do desconforto evidente, como o senhor avalia a atual crise na cúpula da CBF que envolve o presidente Rogério Caboclo, que durante anos foi dirigente da FPF?

RCB: Problema da CBF, parece-me de longe um problema interno da CBF. Não é com clubes e federações. A gente ouve muitas estórias, muito boatos, grampos feitos na sala... Coisas tristes e lamentáveis que não agregam nada ao futebol. Futebol precisa de paz. Se não está feliz, troca a pessoa. Ano que vem tem eleição. As pessoas podem se colocar e se manifestar. Não há vácuo no poder. Se eu morrer, outra pessoa vai entrar aqui (na FPF). Não tenho nenhuma percepção de vácuo do poder na CBF.

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O vídeo com a entrevista de 40 minutos será postado aqui em breve.