Topo

Marília Ruiz

REPORTAGEM

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Marília Ruiz: "resgatamos nossa dignidade", diz Julio Casares em exclusiva

24/05/2021 16h25

O fim de jejum de títulos do São Paulo representa "a volta da dignidade".

A opinião é do presidente do clube, Júlio Casares, em entrevista exclusiva ao BLOG.

Um dia depois da vitória sobre o Palmeiras na final do Campeonato Paulista-21, Casares falou sobre os desafios da temporada, sobre o grande acerto da sua jovem gestão (Muricy Ramalho), sobre a necessidade da venda de jogadores na próxima janela, sobre o acerto com o argentino Emiliano Rigoni e mais.

Há cerca de 150 dias na presidência, Casares adiantou também como pretende pagar as dívidas com os jogadores ("bolsa de pendências"), com o Dínamo de Kiev (cerca de R$ 22 milhões por Tchê Tchê) e como o clube pretende manter suas relações com a CBF. Casares respondeu também sobre a polêmica vacinação dos jogadores promovida pela Conmebol e também sobre os planos para a volta (sem previsão) de público nos estádios.

A íntegra da entrevista, com as cornetas desta colunista ligadas, será postada aqui ainda hoje. Abaixo os principais trechos da conversa de mais de 30 minutos.

***

Marília Ruiz: O que representa o título paulista?

Júlio Casares: Representa a volta da dignidade do são-paulino. Significa que nossos filhos e netos estão vendo pela primeira vez o time ser campeão.

MR: Há muito sommelier de alegria alegria, mas esse título, ainda que se pese a importância dos Estaduais, dá oxigênio para o resto da temporada. A incômoda fila era o calcanhar de Aquiles do clube?

JC: Certamente que tira uma pressão enorme. A gente não ganhava havia muito tempo e isso atrapalhou em muitas temporadas.

MR: Qual seu maior acerto desde que assumiu? E qual o maior erro?

JC: O maior acerto foi escolher as pessoas certas para os cargos-chave. O Muricy é o maior acerto. O Rui Costa é um grande acerto, também. Formamos um grupo muito competente. Sobre erro, não sei se pode ser considerado: não tínhamos outro caminho a não ser dar continuidade ao trabalho do Fernando Diniz quando assumimos. Mas depois de o time fazer apenas 2 de 18 pontos disputados no Brasileiro, não tivemos como manter mais. Quando assumimos o time era líder, havia uma comissão técnica e uma gerência no futebol. O caminho teve que ser aquele.

MR: O cargo de presidente do SPFC é remunerado. Você se sente mais obrigado a dar satisfação do seu trabalho? É uma gestão mais profissional do que a de ouros clubes, que têm presidentes mais centralizadores?

JC: Sou a favor da maior transparência possível. A pergunta é boa: ganho salário sim, mas um salário muito abaixo ao que eu recebia no meu trabalho anterior (na TV Record). Mas isso não é a questão. Dou expediente de 15 horas no São Paulo feliz porque é o que eu gosto de fazer. Aqui eu sou um executivo, um gestor, mas o futebol é o "core business". Estou sempre no CT, viajo com o time. Já fiz 85 testes de COVID desde a campanha.

MR: O incômodo da fila acabou. Mas e as dívidas? Como o São Paulo vai saldar débitos com credores, clubes estrangeiros e também com os jogadores?

JC: De janeiro para cá, não atrasamos nada dos jogadores. Nada. Mas a dívida que o clube tinha, que é o São Paulo, vamos saldar com o que estamos chamando de "bolsão de pendências". Conversamos com os jogadores, expusemos o problema, e acertamos que de toda nova receita líquida recebida, 10% serão destacados para pagar os atrasados com o elenco. Posso lhe adiantar também que vamos pagar a dívida do Tchê Tchê (cerca de R$ 22 milhões) nos próximos 10 dias. Vamos lançar ainda nesta semana o novo programa de "Sócio Torcedor", mais uma fonte de renda. Mas não posso mentir: claro que temos obrigação, desde a previsão orçamentária apresentada, de vender 1 ou 2 jogadores para fechar o ano com responsabilidade.

MR: Quantas propostas estão em cima da sua mesa?

JC: Ainda não estou estudando nenhuma. Mas conseguimos recuperar vários jogadores neste Paulista: Liziero, Luan, Sara... Temos um trabalho muito sério em Cotia, e esse vai seguir sendo o foco dessa administração.

MR: A seleção brasileira é um desconforto para os times?

JC: Temos uma boa relação com a CBF, e esperamos que haja bom senso agora na Copa América e na Olimpíada.

MR: Como o São Paulo vai lidar com os desfalques?

JC: Usamos a parada do Paulista-21 para reforçar e qualificar o elenco. Temos pelo menos 2 jogadores por posição.

MR: Mais reforços para o Brasileiro, Copa do Brasil e Libertadores?

JC: Em primeira mão, conto aqui para você que devo apresentar o Rigoni (meia argentino) na sexta. Ainda depende de questões burocráticas.

MR: E um atacante?

JC: Não sei disso, não... (risos)